São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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PSDB quer rever a aliança com o PMDB

AUGUSTO GAZIR
WILLIAM FRANÇA

AUGUSTO GAZIR; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Lideranças tucanas afirmam que nunca sabem se os peemedebistas são a favor ou contra o governo FHC

A cúpula do PSDB discutiu com o presidente Fernando Henrique Cardoso a necessidade de reavaliar a aliança com o PMDB e a presença do partido no governo.
"O relacionamento com o PMDB tem de ser reexaminado para verificarmos com que segmentos do partido contamos, e a partir daí avaliarmos sua presença no governo", disse o senador Arthur da Távola (RJ), presidente do PSDB.
Anteontem à noite, após a aprovação da reforma da Previdência, Távola e os seis governadores do PSDB jantaram com FHC, no Palácio da Alvorada. O encontro durou cerca de quatro horas.
Sarney
Segundo o senador, o presidente não está "magoado" com o apoio do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), à instalação da CPI dos Bancos. "Não há mágoa em política".
Para ele, no entanto, "há uma dúvida no PMDB: ser ou não ser governo. A gente nunca sabe a posição em que o PMDB vai ficar".
Na avaliação de Távola, "existe a hipótese de um entendimento mais amplo com o PPB".
Ontem, após solenidade no Palácio do Planalto, o governador do Rio, Marcello Alencar, endureceu as críticas contra o PMDB.
Alencar classificou de "precária" a aliança do partido com o governo. "O PMDB terá de definir se será realmente um partido aliado do governo ou oposição. Os companheiros do PMDB que acreditam no nosso programa terão de ter ação dentro do partido", disse.
O governador criticou o presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), e o ex-governador Orestes Quércia (SP). Segundo Alencar, se o PMDB se definir pela oposição, "não poderá ficar partilhando do governo".
Disse que o PSDB gostaria que os ministros Nelson Jobim (Justiça) e Odacir Klein (Transportes), do PMDB, se juntassem aos tucanos.
PFL
Távola e Alencar elogiaram o apoio que o PFL vem dando ao governo. "O PFL dá apoio pleno, fiel e absolutamente útil ao governo. Temos que manter essa aliança", afirmou Távola.
Indagado sobre se a legenda aparece mais como partido do governo do que o PSDB, Alencar afirmou que essa é uma "preocupação" dos tucanos, e foi um dos temas da conversa de anteontem à noite com FHC.
"O PSDB tem de botar a cabeça para fora", disse o governador. "O presidente concordou que nosso partido tem de atuar na vanguarda, não só no Congresso, mas na mobilização do povo", completou.
Segundo Távola, no jantar no Alvorada também se discutiu a convenção do PSDB, em 20 de abril.

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