São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Clubes atrasam reforma dos estádios

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Habitação (Sehab, municipal) recuou mais uma vez das suas exigências sobre a reforma dos estádios paulistanos.
Os clubes não respeitaram a primeira parte do acordo firmado há exatos dois meses, mas não devem sofrer sanções.
No dia 24 de janeiro, presidentes dos clubes paulistanos se reuniram com o secretário de Habitação, Lair Krahenbuhl, na sede da FPF.
Na antevéspera, havia vencido o prazo de entrega dos projetos de reforma dos estádios nos termos da portaria 659/95, mas só quatro clubes haviam feito isso.
A portaria cria novas normas de segurança e conforto.
Todos os projetos tinham erros. O melhor era o do Palmeiras.
A reunião, comandada por Eduardo José Farah, presidente da FPF, deu mais alguns dias de prazo para os clubes mostrarem projetos completos e criou um cronograma.
As obras foram divididas em seis fases. A primeira é a divisão do estádio em setores isolados e numeração de todos os lugares.
As demais, que incluem reforma de sanitários e locais para deficientes físicos, entre outras, podem ser feitas em qualquer ordem.
O prazo final para a entrega da primeira fase é hoje. Nenhum clube a cumpriu.
"O estádio que não estiver setorizado e numerado até 23 de março deverá ser fechado", disse e repetiu o diretor do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis), Carlos Alberto Venturelli.
Mas, ontem, a posição da Sehab mudou. A chefe da assessoria jurídica da secretaria, Antonia Aparecida Pereira, disse que não poderia agir contra a quebra do acordo.
"Ele não foi assinado. Esperávamos que ele fosse cumprido."
Krahenbuhl até negou que houvesse o compromisso: "Cada clube tem um cronograma próprio. Não existe esse prazo."
O acordo é reconhecido até por clube. O presidente da Portuguesa, Manoel Gonçalves Pacheco, diz que não cumpriu o prazo por causa das chuvas.
"O prazo é amanhã (hoje), mas pedimos ao secretário mais 30 dias para concluir o serviço."
José Cyrilo Jr., vice-presidente de Obras do Palmeiras, também diz que o prazo existe.
"Ele foi colocado na reunião na FPF. Mas como o Contru nunca rejeitou nosso cronograma, estamos seguindo-o. Aliás, a bagunça começou desde que o prazo das obras foi reduzido do ano 2000 para o fim deste ano."
O presidente do Corinthians, Alberto Dualib, afirmou, por meio de um assessor, que o prazo de hoje era para entregar o projeto.
Segundo Farah, os estádios do interior, que não estão sujeitos à ação do Contru, já estão mais adiantados na reforma.
"O estádio do União de Araras está numerado", diz.
"Numerar a arquibancada não adianta nada. Hoje, nem quem compra ingresso de numerada consegue tirar um intruso do seu lugar", diz Cyrilo.

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