São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Economista critica capitalismo global

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mundo passou nos últimos anos por uma espécie de apropriação da ecologia pela economia capitalista. Seria necessário agora que a ecologia se apropriasse da economia. Não mais uma economização da ecologia, mas sim a ecologização da economia, sem a qual a vida no planeta sofrerá cada vez mais ameaças e tende mesmo ao desaparecimento.
Esse foi o nó central da exposição do economista alemão Elmar Altvater, feita durante o lançamento de seu livro "O Preço da Riqueza - Pilhagem Ambiental e Nova (Des)ordem Mundial", realizado no auditório da Folha na última sexta-feira.
Promovido pelo jornal e pela editora da Unesp, o evento contou com a participação do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e do professor da Faculdade de Economia e Administração da USP José Eli da Veiga. A mediação do encontro foi do jornalista Mario Vitor Santos, editor de revistas da Folha.
Professor de ciência política da Universidade Livre de Berlim, Altvater vincula há vários anos sua formação marxista com uma reflexão sobre as questões ecológicas.
No debate, seu ponto de partida foi a crítica da atual globalização do capitalismo que, segundo ele, está alicerçada sobre uma combinação destrutiva entre um sistema econômico e uma estratégia energética que exaure as fontes da natureza e aprofunda a miséria nos países não-desenvolvidos.
A idéia de que o atual avanço capitalista evolui para uma catástrofe ecológica pontuou o encontro. Houve certa concordância dos debatedores quanto ao diagnóstico sombrio da cena mundial contemporânea. As diferenças se acentuaram quando cada um expôs suas alternativas para evitar o desastre.
Altvater defende a necessidade de uma "revolução solar". Quer dizer, com isso, que seria preciso abandonar o que ele chama de modelo "fossilista fordista" de produção de energia em nome de uma outra forma que não ameaçasse de extinção os recursos naturais

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