São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Safra de gigantes muda tática da NBA

MELCHIADES FILHO
DO ENVIADO AOS EUA

O estilo de jogo da NBA mudou completamente desde que Shaquille O'Neal debutou entre os profissionais, em novembro de 1992.
Na passagem dos anos 80/90, os astros da liga norte-americana de basquete eram os armadores Magic Johnson, Michael Jordan e Isiah Thomas e os alas Larry Bird e Dominique Wilkins.
A tática de jogo concentrava-se no perímetro, com a troca de passes, muito bate-bola e infiltrações no garrafão.
A partir de 1993, os times passaram a priorizar as ações ofensivas sob as tabelas, com os pivôs.
É que Magic, Jordan, Bird e Isiah decidiram se aposentar.
Ocuparam o estrelato os grandões Hakeem Olajuwon, David Robinson, Patrick Ewing, Shaquille e Alonzo Mourning, todos com mais de 2,10 m.
Os resultados apareceram rápido em quadra.
Pela primeira vez em 18 anos, um pivô foi o cestinha da NBA -Robinson, do San Antonio, com 29,8 pontos por jogo, em 1993-1994.
Consagrando a hegemonia dos gigantes, o título da liga foi em 94 e 95 para as mãos de Olajuwon e seu Houston.
Hoje, quase toda equipe do basquete norte-americano ataca da mesma forma: bola para o superpivô; superpivô atrai marcação dupla ou tripla; superpivô arremessa ou passa para companheiro lançar de longa distância.
Com sistemas táticos tão previsíveis, o fiel da balança virou o próprio superpivô. Quem arremessar e passar melhor tende a dar a vitória a sua equipe.
Nos dois últimos anos, prevaleceu em quadra a agilidade do nigeriano naturalizado norte-americano Olajuwon.
Mas os números mostram que Shaquille é o mais eficiente entre os melhores gigantes da liga.
A Folha comparou as estatísticas de Shaquille, Olajuwon, Robinson, Ewing e Mourning apenas nas partidas de 94-95 em que eles se enfrentaram.
Shaquille obteve a melhor média de pontos (35,4), seguido por Olajuwon (27,6). Conquistou também mais rebotes (14), à frente de Robinson (10,9). E seu time, o Orlando, venceu mais (9 vezes em 11 duelos).
A Folha também emparelhou a performance dos gigantes em suas três primeiras temporadas, para equilibrar o efeito experiência.
Novamente, a estrela do Orlando se destacou mais. Com médias de 27,3 pontos e 12,8 rebotes, superou Robinson (24,7 e 12,5) e Olajuwon (22,4 e 11,6).
Críticas
Apesar dessas evidências, Shaquille não é unanimidade na NBA.
Os opositores acham seu estilo bruto e unidimensional, reclamando criatividade.
Tudo porque Shaquille usa e abusa das enterradas (lance em que a bola é cravada com as mãos na cesta) -de fato, um quarto de seus pontos são conquistados dessa maneira.
Em entrevista à Folha, o atleta se defendeu das críticas.
"Meu jogo é muito versátil. Mas não é esse o meu papel em quadra. Sou um pivô. Tenho que jogar perto da cesta, da tabela. Mas eu não me importo. As pessoas sempre vão achar que eu faço alguma coisa errada."

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