São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Dirigentes da F-1 discutem adoção do passe

DA REPORTAGEM LOCAL

O salário milionário dado pela Ferrari ao bicampeão mundial Michael Schumacher, cerca de US$ 50 milhões por dois anos, reavivou a velha discussão sobre salários na F-1.
Mas, ao contrário de outros anos, quando o contrato da maior estrela inflacionava o resto da categoria, nesse momento a discussão tem um foco inusitado: pilotos jovens, que aspiram a uma vaga na F-1.
Não à toa, em uma das últimas reuniões da Foca (associação de construtores), Flavio Briatore, diretor da Benetton e sócio da Ligier, defendeu a adoção de uma lei do passe para pilotos.
Apesar do descompasso histórico -na Europa e no Brasil, por exemplo, discute-se o fim do sistema no futebol-, Briatore quer regulamentar uma prática da qual foi um dos precursores.
Na temporada de 1991, Briatore causou polêmica ao passar por cima de Eddie Jordan e fazer um piloto de 22 anos assinar um contrato de cinco: Michael Schumacher.
A pendência entre os dois chefes de equipe tramita até hoje na Justiça. E os resultados do alemão justificaram a ambição do italiano.
Briatore fez algo parecido com Jos Verstappen, que atualmente é o companheiro do brasileiro Ricardo Rosset na Arrows.
Desde 94, o holandês não consegue ter uma carreira regular na F-1. Ora precisa pilotar ou testar para a Benetton, ora é deslocado para um time menor, como agora, para que não perca o ritmo.
Como ele, existem vários pilotos, tido como promessas, presos a times ou fabricantes. Exemplos: o francês Jean-Christophe Boullion (Williams), o dinamarquês Jan Magnussen (McLaren) e o argentino Norberto Fontana (Sauber).
Todos, oficialmente, são pilotos de testes em suas equipes. Mas, na verdade, aguardam a chance de mostrar serviço em algum GP.
Nos bastidores da categoria já se fala, até, em contratos de oito anos. A velha dinâmica de entrar em um time pequeno, aparecer e tentar uma equipe maior desapareceu.
Os custos fazem as equipes planejarem a longo prazo. Ter opções sobre a nova safra é mais seguro.
Na contramão do processo, aparecem pilotos brasileiros. Com o mercado europeu cada vez mais fechado, até mesmo nas categorias de formação, acabam chegando à F-1 por força dos patrocinadores.
É o caso de Rosset e de Tarso Marques, que nesta semana fechou com a Minardi para disputar os GPs do Brasil, no próximo fim-de-semana, e o da Argentina, em 7 de abril.
Marques pagou US$ 500 mil. Para disputar o resto da temporada, precisará de mais US$ 3,5 milhões.
Contratos longos também afetam pilotos que já estão na ativa. Os dois episódios mais rumorosos, no ano passado, envolveram David Coulthard e Rubens Barrichello.
O escocês foi disputado no tribunal por Williams e McLaren no final de 94. Na temporada anterior, ficou sem opção depois que foi preterido por Frank Williams em favor de Jacques Villeneuve.
Já o brasileiro conversou com Benetton e Ferrari. Recusou contratos longos, que não garantiam nem sua participação em todas as provas.

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