São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Ocidente é mais duro com doping alheio

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Rigorosos ao pedir punição para o doping de atletas chineses, os países ocidentais são condescendentes com seus próprios casos.
Dois deles, com nadadoras, chamaram a atenção recentemente: os da norte-americana Jessica Foschi e da australiana Samantha Riley.
Foschi, 15, teve um esteróide detectado na urina em agosto. Ela afirma que alguém pôs a droga em sua bebida para prejudicá-la.
A federação norte-americana aceitou a desculpa e decidiu apenas pô-la em um período de dois anos de "observação" -a sanção prevista era suspensão de dois anos.
Foschi ficou em quarto nos 800 m livre, na seletiva olímpica norte-americana, que dava três vagas.
Riley, 23, teve um analgésico proibido detectado na urina colhida no Mundial de piscina curta, realizado em dezembro no Rio.
Seu técnico, Scott Volkers, alegou ter lhe dado um comprimido para uma dor de cabeça gerada pelo calor na cerimônia de abertura.
A Federação Internacional (Fina) engoliu a pílula, deu a Riley apenas uma "forte advertência" e suspendeu Volkers por dois anos.
Volkers tinha que prevenir os médicos do torneio. A brasileira Gabrielle Rose teve o mesmo problema, tomou um comprimido, mas a organização foi avisada.
A Fina considerou que a substância não afetava o desempenho de Riley, o que irritou o secretário-geral do Comitê Olímpico Chinês.
"Toda droga afeta o desempenho. Caso contrário, não estaria na lista", disse Wei Jizhong.
Acusada de usar o doping estatal, a China passou de ré a acusadora.

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