São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta de limites oficiais ajuda expansão

DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão do Morumbi por meio da especulação imobiliária é facilitada porque não existem limites oficiais para bairros da cidade.
"O hábito dos moradores e a própria ação das imobiliárias ajudam a fixar os nomes dos bairros", diz o sociólogo Antônio Guimarães, do departamento de incorporações da Secretaria Municipal de Planejamento de São Paulo.
Em 1992, a secretaria fixou os limites do distrito municipal do Morumbi, já agrupando bairros como Cidade Jardim, Jardim Leonor e Jardim Guedala, além de partes da área original do Jardim Morumbi, nome do loteamento que deu origem ao bairro (leia texto).
"Essa é apenas uma divisão para fins administrativos, que não implica na delimitação dos bairros", explica o sociólogo.
Mas o mercado imobiliário está levando o Morumbi para muito além até mesmo desses limites ampliados do distrito.
"Para fins de especulação, o Morumbi vai acabar chegando a Curitiba (PR)", ironiza o historiador Benedito Toledo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Sem limites
Para Fábio Rossi Filho, diretor-comercial da imobiliária Itaplan, que tem grande atuação na região, o Morumbi não possui limites reconhecíveis que possam caracterizar onde termina o bairro.
"A avenida Francisco Morato delimita o Morumbi ao norte, mas ao sul não há uma indicativa de exatamente onde ele termina."
Para aproveitar a boa imagem que o bairro possui, construtoras e imobiliárias não se acanham e acabam realizando lançamentos em regiões muito distantes do núcleo original do Morumbi.
Essa imagem se deve ao perfil da população da região. No distrito municipal do Morumbi, por exemplo, a renda familiar mensal é de, em média, R$ 2.600, sendo que 36% das famílias recebem mais de R$ 3.000 por mês.
"A média seria bem maior se o distrito não abrigasse a favela de Paraisópolis", diz Carlos Alberto China, da Geomarkt, empresa que realiza pesquisas de mercado para lançamentos imobiliários.
A renda familiar na cidade de São Paulo é de, em média R$ 1.270 por mês. E apenas 9% das famílias têm renda superior a R$ 3.000.

Texto Anterior: Zona sul vira a "Grande Morumbi"
Próximo Texto: Bairro nasceu com charme
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.