São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Realidade inspirou o autor do livro

Troca de casais aconteceu em 1907

RANIERI MAIA RIZZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Massimo e Pierina eram Giuseppe e Maria, enquanto Teresa e Ângelo tinham os nomes de Carolina e Nicodemo.
Foi baseado em um fato real ocorrido no início do século, em uma localidade conhecida como Tapera, em Gramado, no Rio Grande do Sul, que o escritor José Clemente Pozenato desenvolveu a trama de "O Quatrilho".
A prova viva do acontecido, Maria Thereza Trentin Marcílio, 74, filha de Maria e Nicodemo, o casal formado a partir da fuga de Giusepe e Carolina, não leu a obra de Fábio Barreto.
"Eles (Giusepe e Carolina) partiram montados nas mulas que também pertenciam ao meu pai, e não de trem, como está no filme", diz Maria Thereza, acrescentando que o fato ocorreu em 1907.
Maria foi abandonada por Giussepe quando a oitava filha do casal estava com 18 dias de vida, e pouco tempo após o falecimento de duas de suas crianças.
Maria Thereza é a caçula dos 13 filhos de Maria, oito com Giussepe e cinco com Nicodemo.
O que deixa Maria Thereza indignada é a cena em que Pierina (Glória Pires) e Ângelo (Alexandre Paternost) fazem amor pela primeira vez, em cima da mesa da cozinha. "O cenário deveria ter sido mais decente, em um quarto. Durante seis meses eles viveram como dois irmãos, e resolveram ficar juntos após a sugestão de um dos irmãos de minha mãe e compadres do meu pai."
Outro motivo de discordância é a rejeição sofrida pelo casal por parte da igreja. "Meu pai deu o dinheiro para construir a igreja de Tapera, e com frequência o padre hospedava-se em nossa casa."
Na realidade, o final feliz foi destinado a Maria e Nicodemo, que obtiveram sucesso em seus negócios e faleceram com idade avançada. Giusepe morreu na miséria, poucos anos após a fuga. Antes, escreveu para Nicodemo pedindo perdão pelos erros cometidos. "Meu pai respondeu: perdão sim, amizade não".

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