São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Líder teme a "desatenção" do Planalto

'Situação está complicada', diz Alvares

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso será aconselhado por seu líder no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), a "melhorar" o seu relacionamento com os senadores.
Alvares teme que a "falta de deferência" do governo com os senadores, a eventual oposição de Sarney e a divisão do PMDB ameacem a aprovação das reformas.
O senador está preocupado com a insatisfação dos parlamentares da própria base governista, a qual se queixa de pleitos não atendidos, audiências pedidas e não marcadas e de que o segundo escalão não cumpre promessas de FHC.
"Na política, é preciso agradar os contentes, porque senão os contentes ficam descontentes", disse.
Para ele, "falta deferência e velocidade no atendimento aos pleitos", mas ele nega que esteja propondo a adoção do fisiologismo para assegurar apoio no Senado.
O senador fez essas considerações tendo como referência a reforma da Previdência, que irá ao Senado depois de ser aprovada em segundo turno na Câmara.
"Precisamos ter três quintos (49) dos votos dos senadores para aprovar as reformas, e a situação aqui no Senado está complicada. Ao governo não interessa incentivar oposição, reação e insatisfação", disse o líder.
Um dos problemas é a divisão do PMDB, com um setor do partido fazendo oposição do governo. Um dos líderes desse grupo é o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Em razão disso, Alvares se mostrou disposto a tentar uma reaproximação entre Sarney e FHC.
"Apóio um encontro entre eles (FHC e Sarney). Sarney é importante no processo de reformas e devemos evitar atritos", disse.
Fisiologismo
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse ontem em Florianópolis (SC) que o governo federal "agiu bem" ao garantir verbas federais aos Estados em troca do apoio dos deputados à reforma da Previdência.
"Pode ter havido (uma troca de favores), não vejo mal nenhum. Se vai se fazer uma estrada em Rondônia, ótimo. Saindo a reforma da Previdência, ganhou o Brasil. Acho que o governo agiu bem", afirmou.

Colaborou a Agência Folha

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