São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Homicídio sobe 26% no fim-de-semana

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo teve 62 homicídios no último fim-de-semana -recorde desde que a Secretaria da Segurança Pública passou a centralizar e divulgar os dados, no fim de fevereiro.
Em relação ao final de semana passado, o crescimento foi de 26,5%. Comparado com a média dos quatro fins-de-semana anteriores, houve aumento de 14,8%.
As áreas em que os assassinatos mais cresceram foram a coberta pela delegacia seccional Oeste -com 11 homicídios, contra 4 no fim-de-semana anterior- e a da seccional Norte -10 contra 3.
Para o secretário da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, 70, o número do último fim-de-semana é atípico porque inclui os seis mortos na chacina ocorrida no sábado, no Parque Santo Antônio (zona sul).
Segundo a polícia, nenhuma das pessoas assassinadas tinha antecedentes criminais.
A investigação trabalha com a possibilidade de o alvo da chacina ter sido Aguinel Gomes de Barros, 24, dono do bar em que o crime ocorreu. Os demais teriam sido mortos por serem testemunhas.
Plano em abril
Ontem, o secretário da Segurança anunciou um plano para combater a criminalidade, inclusive as chacinas, nas zonas sul e leste da capital.
Segundo Afonso da Silva, em abril serão entregues 30 veículos para a Polícia Militar e outros 30 para a Polícia Civil, destinados a atuar nas áreas mais violentas da zona sul.
A região vai ganhar 455 novos policiais, que se formam na PM em 19 de abril, e parte dos homens que participaram da Operação Litoral, que acabou com o verão.
Também haverá operação concentrada da Rota na área.
O secretário não precisou o dia em que veículos e policiais começarão a policiar as ruas.
Ele disse que a zona leste também vai ganhar 30 carros para a PM, provavelmente em abril, mas que a zona sul hoje tem prioridade.
Falta de policiamento
O secretário admitiu que falta policiamento na zona sul. Segundo ele, o déficit de PMs na região está em torno de 47%, enquanto em outras áreas da cidade gira em torno de 17%.
Para Afonso da Silva, não se pode fazer um plano especial especificamente contra as chacinas, por se tratar de crime "circunstancial, que não se pode prever quando vai acontecer".
Ele disse que a idéia é combater a criminalidade como um todo, reforçando o policiamento ostensivo.
"As operações especiais que fizemos em fins-de-semana de 95 mostraram que isso é capaz de reduzir os homicídios", disse.
O secretário afirmou que a idéia é deixar de fazer operações em fins-de-semana. "Vamos manter o bom nível de policiamento ostensivo o tempo todo."

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