São Paulo, terça-feira, 26 de março de 1996
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Zagallo, 100 jogos

JUCA KFOURI

A CBF ainda não sabe, mas o arquivo implacável do pesquisador Duílio Martino prova que Zagallo completará 100 jogos como técnico da seleção amanhã diante de Gana.
São 87 jogos oficiais e 12 não oficiais até hoje, nos quais Zagallo saboreou 72 vitórias, empatou 22 vezes e amargou apenas 5 derrotas (contra a Itália, Suécia e México em competições amistosas e contra a Holanda e Polônia na Copa do Mundo de 1974).
É interessante observar que na primeira fase de Zagallo à frente da seleção, entre 1967 e 1974, quando ele era considerado mais defensivista, em 53 jogos oficiais o Brasil marcou 93 gols (1,755 por jogo) e sofreu 34 (média de 0,642).
Já na fase atual, que começou em 1994, o Brasil marcou 82 vezes em 34 partidas oficiais (média de 2,412) e sofreu 20 gols (0,588 por jogo).
Ou seja, ao optar por ser mais ofensivo, Zagallo viu sua equipe marcar mais gols e sofrer menos que na fase anterior, prova de que a melhor defesa é mesmo o ataque.
*
Para amanhã, Zagallo acertou em cheio ao convocar Luizão, anistiando o artilheiro do Palmeiras.
Mas continuou deixando o país perplexo ao preferir convocar Rivaldo, que é craque, e deixar Marcelinho mais uma vez de fora.
Não é uma escolha fácil. Marcelinho parece que está para os anos 90 como Ademir da Guia esteve para os 70.
Então, num futebol que tinha Gérson e Rivelino, não sobrava lugar para o magistral Divino.
Marcelinho também sofre grande concorrência. Certamente é melhor que Sávio, por exemplo, mas o rubro-negro está dentro da idade limite para disputar os Jogos Olímpicos e sua desvantagem para o corintiano talvez não seja tão grande que justifique queimar um dos três convocados acima de 23 anos.
Enfim, doces problemas para um treinador repleto de belas opções. Desde que não se esqueça de Marcelinho para a Copa de 98.
*
Zagallo mostrou também que está atento. Ao chamar o goleiro reserva do São Paulo, o aparentemente ótimo Rogério, o técnico revelou conhecer detalhes raramente percebidos por torcedores e críticos.
E Deus está nos detalhes.
*
De bem com Deus, com boa parte do povo e com as estatísticas, parabéns Zagallo!

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