São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996
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Os guaranis

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Em Brasília, pleno Congresso, índios dançando pintados em torno de uma maquete da praça dos Três Poderes ainda é engraçado.
Isso, por sério que seja o motivo -que é o "decretozinho de merda", como disse Darcy Ribeiro na CBN, do ministro Nelson Jobim.
A imagem apareceu na Manchete, que mostrou faixas com dizeres como "Nelson Jobim assassino".
Mas o ritual patético é um lado da moeda, o lado exótico. Nada exóticas, de outro lado, eram as armas dos guaranis, ontem na Globo.
As cenas -amenizadas no Jornal Nacional- lembravam um conflito agrário, do gênero que assustou o Paraná, meses atrás. Da cobertura:
- Tensão no Mato Grosso do Sul. Índios guaranis querem a posse de uma fazenda, de onde foram expulsos há oito anos. Armados com espingardas e revólveres, recebem com violência quem tenta entrar. Um grupo de mais de cem homens cercou o carro e agrediu a nossa equipe.
Eram imagens de dar medo. Nada de arco e flecha.
Nem pintados, nem pelados, mas índios, os mais de cem homens cercaram o jornalista com espingardas na cabeça e um revólver no rosto.
Em seguida, disseram não à Polícia Federal, à ordem de uma juíza da região.
- Os índios não acataram a Justiça. Eles disseram que não vão sair.
Eles não acatam a Justiça. Como os zapatistas do México, a justiça deles é outra.
O real de Maluf
Luiza Erundina, candidata, disse à Bandeirantes que Paulo Maluf vai bem nas pesquisas por publicidade:
- Nos quatro anos, gastamos R$ 24 milhões. Ele até agora gastou R$ 74 milhões.
Primeiro, é pouca diferença. Segundo, ele vai bem por conta do Cingapura -que ela não fez e para o qual é bom procurar uma resposta.
É o real de Maluf.
e-mail: nelsonsa@folha.com.br

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