São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996
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Gol usado em chacina é identificado

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Civil de Minas Gerais informou ontem que o Gol verde encontrado queimado na estrada para Sabará (região metropolitana de Belo Horizonte-MG) foi usado na chacina de três meninos de rua no último dia 15.
O crime ocorreu na estrada para Nova Lima (região metropolitana) e foi assumido por meio de carta e telefonemas pelo "Grupo Reação", supostamente formado por policiais civis insatisfeitos com os salários.
Os meninos foram levados por quatro homens, em um Gol verde, nas proximidades da rodoviária de Belo Horizonte.
Segundo o delegado Raul Moreira, o Gol foi localizado na última sexta pela polícia e levado para perícia, que encontrou duas cápsulas de balas de pistola 9 mm, a mesma usada para matar os meninos.
"Temos certeza absoluta de que foi o carro usado no crime", disse Moreira, acrescentando que a polícia descobriu que o carro foi queimado na última quinta-feira, quase uma semana depois do crime.
Segundo o delegado, o Gol foi roubado em São Paulo em 90.
Celular
A polícia mantém sob sigilo informações a respeito de um telefone celular que teria sido encontrado ao lado do Gol queimado.
A polícia disse que o telefone deve ter caído enquanto os assassinos dos meninos destruíam o carro.
Cartas
O "Grupo Reação" voltou a se manifestar na noite de anteontem. O grupo enviou duas cartas, uma endereçada ao jornal "Estado de Minas" e outra para a polícia.
A carta enviada para o jornal foi entregue ao promotor Wagner Vartuli, que acompanha o inquérito policial. O autor da carta diz que o "Grupo Reação" é formado por policiais insatisfeitos com a "corrupção na Polícia Civil".
O grupo alega não ter responsabilidade pela morte dos meninos e diz que o crime será apurado. A carta foi escrita em papel do Serviço Público do Estado.
Por meio de telefonemas para os jornais "Estado de Minas" e "Hoje em Dia", o "Grupo Reação" indicou a existência de outras duas cartas para a polícia, que encontrou apenas uma.
O conteúdo desta segunda carta não foi divulgado pela polícia, que afirmou apenas se tratar de ataques ao secretário da Segurança Pública, Santos Moreira.
Dois meninos de rua, testemunhas do crime em Nova Lima, ficaram ontem frente a frente com o servente Antonio Pio da Silva, 47, acusado de matar e enterrar em sua casa quatro adolescentes.
A polícia suspeita que Silva tenha também participado da chacina, mas R.P.S., 15, e J.C.R.N., 13, não o reconheceram.

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