São Paulo, quarta-feira, 27 de março de 1996
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Estudo reconhece síndrome do Golfo

LIZ HUNT
DO "THE INDEPENDENT", EM LONDRES

Alguns militares veteranos vítimas da chamada síndrome da Guerra do Golfo estão mostrando evidências físicas de que sofreram danos neurais.
Pesquisas recentes sugerem que os sistemas nervosos dos indivíduos que acreditam ter a síndrome realmente mostram diferenças claras em relação aos da população geral.
A descoberta, que será publicada esta semana no "Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry", será bem recebida por dezenas de homens e mulheres que combateram no Golfo e que desde então vêm sofrendo uma série de sintomas debilitantes.
Eles fazem campanha pelo reconhecimento da síndrome da Guerra do Golfo pelo Ministério da Defesa. Muitos estão pedindo compensações.
Vários veteranos da guerra morreram depois de sofrer um colapso generalizado de saúde, atribuído por suas famílias à síndrome.
O médico Goran Jamal, do Instituto de Ciências Neurológicas do Southern General Hospital de Glasgow, analisou a capacidade dos veteranos de ouvir impulsos sonoros, para determinar danos ao sistema nervoso central.
Em outro teste foi monitorada a resposta neural dos veteranos a um impulso elétrico passado através de nervos de braços e pernas, para avaliar danos a terminações nervosas do sistema nervoso periférico.
"Os resultados dos testes indicam diferenças significativas entre as duas populações -a dos veteranos da Guerra do Golfo versus a população de controle- em termos do funcionamento do sistema nervoso", afirmou o médico.
"O desempenho dos veteranos da Guerra do Golfo foi pior do que o da população de controle", disse Jamal em declarações ao programa "Frontline Scotland", da TV BBC da Escócia, que estava programado para ir ao ar na noite de ontem.
Segundo Jamal, um fator importante pode ser um tipo de antídoto contra gás de nervos dado aos soldados britânicos.
Ele disse que soldados franceses, que não receberam comprimidos com o antídoto não tiveram problemas de saúde.
Vários veteranos entrevistados no programa lembram que receberam um coquetel de 17 injeções contra doenças como a peste bubônica, além de comprimidos que deveriam protegê-los contra ataques de gases biológicos e de nervos. Tudo isso foi feito no prazo de poucos dias.
"Um dos problemas é que pesquisamos essas substâncias de modo isolado", disse Jamal. "O que não conhecemos é o efeito combinado delas, por exemplo o efeito do antídoto em combinação com outros compostos."
Katherine Lam, ex-enfermeira do Exército, diz no programa: "Fico indignada porque o Ministério da Defesa continua negando a existência de problemas médicos. Não entendo como eles podem continuar a fazê-lo, à luz das evidências disponíveis. Acho que terão que reconhecer alguma responsabilidade pela condição médica dos soldados que estiveram no Golfo".

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