São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Polícia de PE apreende máquinas de hemodiálise

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Polícia Civil apreendeu ontem em Caruaru (PE) duas máquinas de hemodiálise e três reservatórios de água pertencentes ao IDR (Instituto de Doenças Renais).
Ontem, morreram mais dois pessoas submetidas a tratamento de hemodiálise na clínica, elevando para 29 o número de vítimas fatais.
A apreensão dos equipamentos ocorreu após denúncia anônima de que eles estavam sendo removidos por empregados do hospital.
A retirada teria sido feita pouco antes da visita dos deputados estaduais integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o caso.
Segundo a polícia, os equipamentos foram encontrados na casa de um diretor do hospital, de nome não revelado. Eles serão removidos para Recife e examinados no Instituto de Criminalística.
O diretor do IDR, Antonio Bezerra Filho, disse por telefone que os equipamentos apreendidos são "sucata" e que não eram mais utilizados.
Uma das vítimas é o vendedor ambulante Heleno Fortunato da Silva, 60. Silva foi submetido a tratamento no IDR por um ano e meio. Os sintomas da intoxicação surgiram durante o Carnaval. A outra vítima é Severina Celina da Silva, 49, que fez duas sessões de hemodiálise no IDR, em 20 e 29 de fevereiro.
O secretário da Saúde de Pernambuco, Jarbas Barbosa, admitiu ontem que a causa da intoxicação dos pacientes pode não ser descoberta nunca.Segundo ele, a secretaria conclui hoje o levantamento que apontará quantas mortes podem ser associadas à intoxicação."Não queremos esconder nada, mas há casos em que os pacientes morreram em consequência do agravamento de problemas que já tinham antes", afirmou.
Para amanhã, estão sendo esperados os resultados dos exames realizados em São Paulo e na Inglaterra. Em Caruaru, os deputados estaduais que integram a CPI ouviram representantes da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), da Secretaria da Saúde e parentes dos mortos.
Houve manifestação durante a sessão da CPI, realizada na Câmara Municipal. Pessoas levaram cartazes pedindo justiça. Não houve conflito.

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