São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
Texto Anterior | Índice

Balé da Cidade retrata o fim do milênio

ANA FRANCISCA PONZIO

especial para a Folha A violência deste fim de milênio é o tema da coreografia "Máscaras do Tempo", do iraniano Gagik Ismailian, que o Balé da Cidade de São Paulo estréia hoje.
"Além das guerras entre nações, hoje o mundo se depara com uma crueldade cotidiana, consequência da multiplicação de nossas hostilidades", diz o coreógrafo, de origem armênia e desde 1978 vivendo em Portugal, onde é primeiro bailarino do Ballet Gulbenkian.
Segundo ele, a retórica da coreografia se constrói através dos movimentos dos bailarinos, desafiados a dançar com uma energia exaustiva. "Quedas repentinas e mudanças bruscas ocorrem de forma incessante, configurando reações violentas", ele explica.
Ao som do conjunto inglês Dead Can Dance, "Máscaras do Tempo" não procura transmitir mensagens, mas imagens da violência. "Me inquieta pensar que talvez estejamos caminhando para o vazio."
Além da obra de Ismailian e de uma remontagem de "Sinfonia de Réquien", que o português Vasco Wellencamp criou para o grupo em 94, o Balé da Cidade estréia "Carnaval dos Animais", de Ivonice Satie, diretora artística da companhia.
Sobre música de Saint Saens, esta coreografia que compara os comportamentos de homens e animais, foi criada por Ivonice no mês passado, para o Ballet Nacional da Croácia, que deve estreá-la em maio.
Na segunda quinzena de abril, o Balé da Cidade utiliza a obra para inaugurar o "Projeto Escola", um programa de contato com o dia-a-dia da companhia, dirigido a estudantes, crianças e adolescentes.
O programa consistirá de visitas matinais à sede do Balé da Cidade, onde os estudantes poderão observar como o elenco trabalha.
No final, num palco montado no terceiro andar do prédio, será apresentado "Carnaval dos Animais".
Preparando-se para sua primeira temporada internacional, na Bienal da Dança de Lyon (França), em setembro, o Balé da Cidade recebe convidados no segundo semestre.
Sonia Mota, bailarina brasileira radicada na Alemanha, deverá ministrar um curso de três meses para o elenco.
Também está confirmada a vinda do coreógrafo israelense Ohad Naharin, do Ballet Batsheva, que participou do último Carlton Dance Festival.
Naharin vai remontar, para o Balé da Cidade, a coreografia "Axioma", com música de Bach, criada originalmente para o Ballet do Grande Teatro de Genebra. A estréia será em dezembro, junto com uma peça do brasileiro Sandro Borelli.

Espetáculo: "Máscaras do Tempo", "Carnaval dos Animais" e "Sinfonia de Réquiem"
Com: Balé da Cidade de São Paulo
Quando: hoje e amanhã às 21 h; domingo às 17 h; dia 2 a 4 de abril às 21 h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central de São Paulo; tel. 011/222-8698)
Ingressos: R$ 2 a R$ 8

Texto Anterior: Exposição mostra traços de criação da dança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.