São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Assassino de Rabin é condenado

Pena de Amir é prisão perpétua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O radical direitista judeu Yigal Amir foi condenado ontem em Tel Aviv a prisão perpétua pelo assassinato do premiê Yitzhak Rabin, em 4 de novembro do ano passado.
Amir, 25, também foi condenado a uma sentença adicional de seis anos de prisão, por ferir um guarda-costas durante o atentado.
Ele disparou dois tiros nas costas de Rabin e um no braço do guarda-costas Yoram Rubin.
Amir disse que efetuou a ação para deter a entrega de terras israelenses a árabes, justificando o assassinato com base em uma antiga lei religiosa que permite que um judeu mate outro se este colocar o povo israelense em perigo.
"Tudo que fiz foi pelo povo de Israel, pela Torá, pela terra de Israel", disse ele, sem demonstrar qualquer sinal de remorso.
"Tudo o que eles (o governo) têm feito nos últimos três anos vai levar a rios de sangue", disse em referência às negociações de paz.
Após a leitura da sentença, a mãe de Amir chorou enquanto lia salmos no fundo do tribunal.
"O Estado de Israel é uma monstruosidade", gritou Amir ao ser retirado do tribunal de Tel Aviv.
Defesa
Os advogados de Amir têm 45 dias para recorrer da sentença à Suprema Corte. Israel não adota a pena de morte.
A corte rejeitou alegação de que Amir queria apenas paralisar Rabin para interromper o processo de paz, e o considerou culpado de homicídio doloso premeditado.
A defesa queria que ele fosse condenado por homicídio culposo, cuja pena é de até 20 anos de prisão, e apresentará recurso.
O advogado Jonathan Ray Goldberg insistiu que um outro atirador esteve envolvido no crime. "É possível provar que as balas disparadas da arma de Yigal Amir eram de festim e que ele é inocente."
O juiz Edmond Levy disse que o exame de balística comprovou que as balas que atingiram Rabin saíram do revólver de Amir.
Leah Rabin
A viúva do premiê, Leah Rabin, disse que não tinha nenhum comentário a fazer, afirmando que, desde o princípio, achou absurda a idéia de que Amir deveria ter um "julgamento justo".
"Por que teve de demorar cinco meses, só para cumprir com a obrigação de que o processo fosse justo? O que toda essa história tem a ver com Justiça?", perguntou ela.
"Não desejo nada ao assassino, porque para mim é como se ele não existisse. A única coisa de que tenho certeza é de que Yitzhak já não vive mais", afirmou.
Histórico
Yigal Amir é filho de uma família de judeus ortodoxos do Iêmen. Estava no terceiro ano de direito da Universidade Bar-Ilan, onde ingressou após o serviço militar.
Em julho do ano passado, foi preso em uma manifestação de colonos judeus. Em setembro, foi expulso de uma reunião pública por agredir Rabin verbalmente.

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