São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 1996
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Samper volta a se declarar inocente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ministro do Interior colombiano, Horacio Serpa, se mostrou defensivo no depoimento que prestou ontem e se desvinculou de supostas irregularidades envolvendo o presidente Ernesto Samper.
Samper é acusado de receber dinheiro dos narcotraficantes do cartel de Cali na campanha presidencial de 1994. Serpa é acusado de intermediar o financiamento.
O depoimento de Serpa à Corte Suprema acontece um dia depois de o próprio Samper ter prestado declarações à Comissão de Investigações do Congresso. O presidente pode até ser destituído do cargo.
Serpa alegou que, na campanha eleitoral, não tinha participação direta no financiamento. A Justiça agora pode exigir que Serpa deixe o ministério e decretar sua prisão.
O ministro disse que vai esperar "tranquilo" pela decisão judicial. Hoje depõe o chanceler Rodrigo Pardo. Amanhã, o ministro das Comunicações, Juan Manuel Turbay. O advogado Bernal Cuéllar disse que não estão claras as acusações contra Serpa -supostamente acobertamento das transações.
Há denúncias de que Serpa teria usado um avião do traficante Jesús Amado Sarria e se hospedado em um dos hotéis dele para fazer entrega de fundos à campanha.
No depoimento de anteontem (cujo conteúdo só foi divulgado ontem), Samper repetiu o que já vinha dizendo: que é inocente e errou ao confiar em Fernando Botero Zea.
Botero foi um dos chefes da campanha presidencial e ocupou o cargo de ministro da Defesa. Envolvido no escândalo, foi preso e passou a denunciar Samper.
O presidente acusou Botero de ter tido lucro pessoal nas transações. Ele admite a entrada de dinheiro do narcotráfico em sua campanha, mas diz que ela se deu sem seu conhecimento.
Ele também disse que o ex-tesoureiro da campanha, Santiago Medina, apresentou várias incoerências e contradições em seu depoimento. Foi Medina quem detonou a série de acusações que lançou a Colômbia na sua mais grave crise institucional recente.
A Procuradoria Geral disse que deve chamar a depor outras três pessoas próximas a Samper: o secretário-geral da Presidência, José Antonio Vargas, o vice-ministro do Interior, Juan Carlos Posada, e o vice-chanceler para assuntos europeus, Juan Fernando Cristo.
A Comissão de Conciliação Nacional anunciou ontem que os principais grupos guerrilheiros da Colômbia aceitaram uma proposta de reiniciar conversações com o governo, interrompidas em 1992.
As negociações vão ser intermediadas pela Igreja Católica e pelo governo da Costa Rica.

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