São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Comércio vive dos benefícios

DA AGÊNCIA FOLHA, EM DUAS ESTRADAS

Manoel José de França, 78, disse que trabalhou 70 anos na agricultura para ter direito à aposentadoria de R$ 100.
"Comecei a trabalhar aos sete anos para ajudar meu pai.".
Ele é um típico exemplo de aposentado "classe média" de Duas Estradas (PB). Mora com a mulher, Maria Alves da Costa, 67, também aposentada, e com o filho, Severino Alves de França, 44.
A família tem uma mercearia na principal avenida da cidade. É uma das mais sortidas.
Severino é quem gerencia o negócio, com ajuda do pai.
A clientela é quase toda de aposentados. França diz que é obrigado a vender sem pagamento na hora. "Se não for fiado, não vendemos nada", diz.
Ele afirma que muito aposentado não está podendo pagar em dia. "Para não ter prejuízo, suspendo as vendas até que os devedores paguem."
Segundo França, os demais comerciantes da cidade, que não chegam a 20, estão na mesma situação.
Dependem do dinheiro dos aposentados e têm que vender fiado num mês, para receber no outro.
França afirma que o comércio dá lucro porque não se contrata quase ninguém. "Todos aqui empregam os filhos, e tudo fica em família."
Viúvo
José Clementino da Silva, 69, aposentou-se há cinco anos. Ele é viúvo e mora sozinho, mas divide o dinheiro da aposentadoria com os netos.
"Não posso deixar meus netos morrerem de fome", disse, que ainda trabalha na agricultura para sobreviver e ajudar os familiares.
Duas Estradas tem este nome devido à ferrovia e à rodovia estadual que passam pelo município. A ferrovia está desativada e a rodovia não é asfaltada.
A cidade não tem hospital, só um posto de saúde.

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