São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Coca-Cola kosher chega ao Brasil

Empresa importa 30 mil caixas

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nesta Páscoa, os 90 mil membros da comunidade judaica paulistana poderão beber Coca-Cola, usar açúcar, sal, óleo e sabão de coco feitos especialmente para a data.
É que a indústria, supermercados e importadores estão investindo nos produtos kosher, aqueles fabricados de acordo com as tradições judaicas, sempre com a supervisão de um rabino.
"Estamos importando a Coca-Cola pela primeira vez e, pela demanda, devemos trazê-la todo ano", afirma Denis Herbach, diretor de marketing da Spal, fabricante do refrigerante no país.
Para esta Páscoa judaica, que começa no dia 3, a Spal importou 30 mil caixas do refrigerante, que chegam hoje aos supermercados.
O rabino Yossi Schiledkraut, que participou das negociações para trazer o produto dos EUA, diz que um rabino observa todo o processo de produção do refrigerante, inclusive a mistura da fórmula secreta da Coca-Cola.
Schiledkraut afirma que, nas comemorações religiosas, os judeus comem um pão especial, o Matza, e sempre perguntam pela Coca-Cola. "Por isso, resolvi sugerir a importação do refrigerante."
A Coca-Cola kosher deve custar até 20% mais que a convencional e tem um sabor um pouco diferente.
Carlos Gonçalves, gerente do supermercado Casa Santa Luzia, conta que vende 30 produtos nacionais kosher, além de diversos importados.
Neste ano, a casa está vendendo para a Páscoa dos judeus uma tonelada do açúcar União, 300 quilos do sal Cisne, 300 quilos do sabão de coco Razzo, 200 latas do atum Alcyon, 1,5 tonelada do Matza e 600 quilos da farinha Matze.
"A procura pelos produtos na Páscoa judaica cresce 60%", diz.
O supermercado Eldorado, da rua Pamplona (Jardins, em São Paulo), começou a vender, há um ano, produtos como a pasta dental Kolynos, o suco de laranja Izzy, os biscoitos Bauducco.
Com a boa aceitação, os outros dois supermercados da rede vão começar a vender os produtos no mês que vem, diz José Roberto Veríssimo, diretor do supermercado da Pamplona.
Mais caro
Nos cálculos de Veríssimo, os produtos próprios para judeus têm custo 36% mais caro que o similar. Para produzi-lo, as empresas interrompem sua fabricação, limpam as máquinas, mudam a fórmula do produto e iniciam a produção de acordo com as regras da religião. Todo o processo é supervisionado por um rabino.
"Nos oito dias da Páscoa judaica, é proibido comer qualquer produto que contenha grãos de trigo, centeio, cevada, aveia ou que estejam sujeitos à fermentação em contato com a água", diz Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista.

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