São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Futebol total

JUCA KFOURI

Em 1974, a seleção da Holanda deslumbrou o mundo com um futebol que ocupava todo os setores do campo e em que ninguém tinha posição fixa. Não ganhou a Copa, entre outras coisas, porque decidiu com a dona da casa, a Alemanha, que também tinha um timaço.
O Palmeiras de hoje lembra aquela Holanda e talvez o maior mérito de Wanderley Luxemburgo seja o de fazer Cafu e Muller jogarem com nunca tinham jogado antes.
Muller, por exemplo, não tem mais posição fixa, raramente dá mais de dois toques na bola e de flecha virou arco.
Já Cafu, que sempre vendeu saúde e versatilidade, domina melhor alguns fundamentos, como o cruzamento, sem o que jamais seria um ala completo.
Mas o Palmeiras vai além disso. A começar pelo goleiro Velloso, em forma tão exuberante que faz milagres mesmo quando pouco acionado nos jogos -e raramente os adversário chegam a sua área (graças, também, a Sandro e ao recuperado Cléber).
Aí, é claro, quem merece crédito é o preparador de goleiros Valdir de Moraes, há anos o responsável pelo que se faz de melhor no Brasil em sua especialidade.
Como em time abençoado tudo dá certo, Júnior está muito bem na ala esquerda. Se não é nenhum Roberto Carlos -um jogador que por falar um pouco demais é alvo de algumas restrições por parte de Luxemburgo-, dá perfeitamente conta do recado.
Aliás, o Palmeiras é o único time do país que, frequentemente, desce com seus dois alas, até porque Amaral e Flávio Conceição estão sempre atentos.
Amaral, por sinal, indo mesmo para a Itália, já tem um substituto em vista, Marcos Assunção, do Rio Branco.
Mas é lá na frente que tudo se completa. Não só porque quem vem de trás vem atirando, mas porque quem está na frente não só complica a saída de bola do adversário, como esbanja talento.
Rivaldo é um autêntico faz-tudo. Luizão tem todas as características de um rompedor aliadas a um refinamento que não é comum em jogadores com o físico.
E Djalminha é um capítulo à parte. Moleque, serelepe, dá na bola com prazer e dá prazer a quem o vê dar bola. Fez meia dúzia de malabarismos -um dos quais ao lançar um companheiro com o peito- diante do XV de Jaú, que valeram os quase 10 mil ingressos ao Parque Antarctica.

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