São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Campanha difamatória; Esmola; Álcool; Encargos; Solução alternativa; Solução ideal; Pobres coitadas; Desarmamento; Mamonas; Omissão; Imponderável

Campanha difamatória
"Os servidores públicos, em especial os do Judiciário, têm sido alvo de violenta campanha difamatória por parte dos dirigentes desta nação, com apoio de toda a imprensa nacional. Gritam em coro que os servidores públicos possuem privilégios e altos salários.
Os senhores da imprensa perceberam que os altos salários são pagos a pessoas de cargos de direção?
Os senhores perceberam que entre os privilégios do funcionalismo está o de não ter qualquer direito e possibilidade de ascensão funcional? De carreira?
Outro privilégio é o de se aposentar com salário integral. Assim ele poderá pagar aluguel a vida toda, já que, ao contrário dos outros trabalhadores, ele não tem direito ao Fundo de Garantia.
Não sou sindicalista, não faço parte nem sou filiado a nenhum partido. Não simpatizo com o PT, apenas me cansei de ser chamado de marajá e viver pendurado no cheque especial e fazendo mágica para pagar as contas."
Paulo Martins Inocêncio (Brasília, DF)

Esmola
"Está se tornando cansativa, interminável e degradante a discussão sobre a Previdência Social. Parece até que o governo quer definir apenas o tamanho da esmola que pretende dar aos que, aparentemente, nada mais têm a fazer pelo país.
É preciso pôr um termo a isso e tornar civilizados os termos das aposentadorias deste país."
Alexandre Silva Sampaio Lôbo (Rio de Janeiro, RJ)

Álcool
"Misturado à gasolina, o álcool permite uma redução importante na emissão de gases poluentes.
Veículos movidos exclusivamente a álcool hidratado produzem 66% menos monóxido de carbono, 25% menos hidrocarbonetos e 11% menos óxido de nitrogênio do que os similares acionados à gasolina.
Está na hora de os defensores do meio ambiente defenderem o veículo a álcool ou, brevemente, ele fará parte dos museus para a alegria da indústria do petróleo. Na oportunidade em que vários países do mundo estão tentando reduzir suas emissões, o Brasil está desativando a indústria alcooleira."
Luiz Gonzaga Bertelli (São Paulo, SP)

Encargos
"Em complementação ao artigo de 28/2 do professor José Pastore, uma relação de custos de encargos aplicados à construção civil mostra que o total de encargos atinge 181% da folha de pagamento.
Acabou de ser editada uma norma de segurança para os canteiros de obra, obrigando o fornecimento de uniformes, bebedouros, colchão e roupa de cama, um banheiro para cada dez funcionários, ventilador no teto e outras obrigações, fazendo com que o custo efetivo da mão-de-obra empregada na construção civil atinja valores da ordem de 220% sobre a folha.
Gostaríamos de acrescentar que o salário que um servente de obra recebe (menor salário da construção civil), sem qualquer qualificação, é hoje da ordem de R$ 300 em São Paulo, ou seja, três vezes o salário mínimo oficial."
Milton Golombek, diretor da Engenheiros Consultores Associados Consultrix S/C Ltda. (São Paulo, SP)

Solução alternativa
"Estranhamos a afirmação feita pelo sr. ministro Adib Jatene sobre a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Não é a CPMF a única solução a curto prazo para superar a crise da saúde pública.
Recentemente enviamos à redação deste jornal sugestão para captar recursos financeiros, sem interferência na política econômica atual.
Ainda aguardamos resposta concreta das áreas pertinentes à saúde, bem como do Congresso Nacional."
João Caropreso, Oscar Leitão Filho e Leandro da Silveira (Blumenau, SC)

Solução ideal
"Não há dúvida que a liquidação de instituição financeira, em situação delicada, é a solução ideal, mas em economias estabilizadas e consolidadas por longos períodos. No caso do Brasil, ainda em adaptações ao sistema estável, provavelmente as perdas de toda sociedade com uma eventual instabilidade econômica seriam muito maiores e por tempo indeterminado.
O Proer pode não ser um instrumento ideal, contudo é um princípio que deve ser aperfeiçoado e não extinto. Para termos uma moeda estável é importante que as instituições financeiras garantam, pelo menos uma boa parte, o capital aplicado."
Benedito Ap. Lemes (Mogi Mirim, SP)

Pobres coitadas
"É deprimente o leitor abrir o jornal e ler uma matéria da colunista Barbara Gancia, onde ela simplesmente expõe sua própria opinião, não levando em consideração que 300 mil pessoas pensam exatamente ao contrário dela.
Quem está certo? Aquele que tira do seu bolso R$ 130 e se diverte a sua maneira? Ou aquela que simplesmente não gosta do Carnaval e sim do samba, preferindo, quem sabe, ficar dentro de casa sem fazer nada. Será que essas pessoas são realmente 'pobres coitadas' como diz a colunista?"
Jucinélio Sampaio Guimarães (Guarulhos, SP)

Desarmamento
"Por que a população precisa estar armada? Armamento não é coisa para exércitos, para uma suposta garantia da segurança nacional, ou para uso nas guerras?
Por que continuar com a fabricação de armas se conhecemos a sua torpe finalidade? Será porque estão em jogo muitos milhões de dólares em exportação e impostos? Talvez porque há em jogo milhares de empregos e muitos investimentos em tecnologia?
As leis precisam ser revistas, mesmo nos países que se autoclassificam com essa bobagem de Primeiro Mundo."
Silvio L. Bueno (Curitiba, PR)

Mamonas
"Gostaria de pedir que a Folha abordasse as notícias locais com maior profundidade, pois a cobertura do acidente com o avião dos Mamonas foi fraca, sem conteúdo e muito superficial!
É irritante encontrar tanta propaganda nas páginas iniciais e finais dos cadernos."
Luis Carlos Durães (São Paulo, SP)

Omissão
"A responsabilidade pelo ser humano é consequência desse trinômio: família, escola e sociedade.
Muito cômodo seria deixarmos em mãos da escola toda a responsabilidade por uma aquisição de posturas que deveria ser um pré-requisito. À escola compete informar e dar material e conteúdo dos programas. À família cabe criar expectativas desse mesmo desenvolvimento e trabalho.
Seria de se refletir de quem tem sido, afinal, a omissão verdadeira dos seres, em casa, ou do desdém característico da inoperância dos senhores mestres-escola, que têm sido tão vilipendiados e quiçá estejam eles próprios finalmente crendo que verdadeiramente são 'bons para nada'."
Maria da Glória Campos Machado (São Paulo, SP)

Imponderável
"Quero falar da busca do imponderável, que o homem empreende desde a época em que tentava adivinhar o que eram aqueles pontinhos brilhantes, à noite, no céu.
Demorou milhões de anos para que viéssemos a nos inteirar de inúmeros segredos. Perguntas como quem somos? Por que estamos aqui? Qual a nossa missão na Terra? O que é Deus? Quem é Deus? Como Ele se manifesta?, porém, ainda não foram satisfatoriamente respondidas.
Isso porque quem habita a região do ponderável acaba utilizando padrões típicos dessa região para explicar o imponderável."
Antonio Catelani (São Bernardo do Campo, SP)

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