São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Vendedores superam barreira do idioma

ARTHUR NESTROVSKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Dentro dos bazares, restaurantes e hotéis, fala-se inglês, espanhol, italiano, alemão, francês e russo. O comércio exige.
Fora desses lugares, a única língua é o turco. Não é um idioma árabe: está mais próximo de outras línguas do leste da Europa, mas não tem raízes indo-européias, nem anglo-saxônicas.
Até 1928, o turco era escrito em alfabeto árabe. Nessa data, o presidente Mustafá Kemal "Ataturk" -o "pai dos turcos", criador da República, um modernizador nacionalista, que deu fim à Turquia otomana- estabeleceu um novo alfabeto latino e desencadeou uma reforma linguística e pedagógica.
Os resultados são impressionantes: 92% da população é alfabetizada. Mas de outro ponto de vista são, também, catastróficos. Cercados de inscrições magníficas em alfabeto árabe por todos os lados, os turcos via de regra não são capazes de decifrar uma só palavra (exceto "Alá" e "Maomé").
Vale lembrar que a caligrafia é a maior forma de arte visual na cultura muçulmana, onde as imagens são proibidas. Nenhuma outra cultura, nem mesmo a japonesa, venera assim as formas da escrita.
Uma mesma frase do Alcorão pode ser grafada de 160 maneiras nas paredes de uma mesquita. Cada traço de cada letra enfatiza algum significado.
A tradição dos calígrafos, que se preserva, em menor medida, até hoje, é equivalente à nossa linhagem de artistas e pintores. Mas o alfabeto árabe só é lido nas escolas corânicas, ou então por especialistas acadêmicos -como os nossos professores de grego.
Glossário básico
Na prática, o turista só vai precisar de duas ou três palavras: "merhabá" (olá), "lütfen" (por favor), "teshekkür" (obrigado); além do endereço do hotel.
Quanto mais turco você falar, melhor -especialmente no bazar. Mas a população é simpática; ninguém se sente ameaçado, e o olhar e as mãos já falam o necessário.

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