São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996 |
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Palácio de sultão exibe suntuosidade
ARTHUR NESTROVSKI
É esse o lugar e esse o palácio do "Rapto do Serralho", de Mozart; e é o próprio emblema do que um estudioso como Edward Said definiu como "orientalismo". São pátios e átrios e átrios e pátios, conduzindo a palácios e mesquitas. Passando pelo Portal da Felicidade, chega-se à seção residencial e ao palácio interno; antes fica a Sala do Trono, onde o sultão recebia embaixadores (uma torneira de água corrente, do lado de fora, impedia que o sigilo das conversas fosse violado). Ali também fica o tesouro: armas e armaduras, porcelana e prata, pedras preciosas e diamantes do tamanho de uma laranja. Mais adiante, é possível visitar o harém, com o fantasma de 400 mulheres e as dependências dos eunucos, além da biblioteca e apartamentos dos príncipes. Muito do que se vê -arcadas e "loggias", por exemplo- lembra muito a Renascença italiana, não fora esse o original e a Renascença, a cópia. É quase impossível conceber a dimensão da riqueza dos sultões, homens fora dos limites do homem. Pense em Bill Clinton como dono pessoal da fortuna do "Império Americano". Poder e dinheiro permaneceram um hábito dos sultões e califas até o início deste século, com a revolução de Ataturk. Em meados do século passado, o sultão Abdl Mecit 1º, insatisfeito com o estilo antigo do Topkapi, erigiu o palácio Dolmabahçe, à beira do Bósforo. Em estilo misto, parte oriental, parte barroco, e decorado extravagantemente com móveis e obras de arte de vários países, incluindo balaustradas de cristal Baccarat, o Dolmabahçe chega ao clímax no salão de banquetes, com 2.000 m2 e um candelabro de 4.500 kg, presente da rainha Vitória. Na mesma margem, fica o Çiragan Sarayi, transformado agora em hotel. Palácios assim são um equivalente mundano das mesquitas: o poder e a riqueza como caminho privilegiado dos céus. (AN) Texto Anterior: Banhos turcos purificam o corpo antes das preces Próximo Texto: Império durou cinco séculos Índice |
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