São Paulo, segunda-feira, 1 de abril de 1996
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Terror não assusta paulistano e carioca

ARTHUR NESTROVSKI
DO ENVIADO ESPECIAL

Pode ser difícil de acreditar, mas Israel não é um país onde se sinta medo. Cariocas e paulistanos têm mais receio de caminhar pelas ruas da cidade do que um inocente turista em Jerusalém.
O trânsito nas estradas mata cinco vezes mais gente por ano do que os atentados terroristas. E o Exército israelense está por todos os lados: meninos e meninas de 18 anos, carregando armas com seriedade, mas sem sisudez ou violência.
À noite, no calçadão de Jerusalém, meninas de blusa e minissaia preta trazem às costas uma metralhadora. É um fato da vida nesse país constantemente ameaçado.
Mercado Árabe
A palavra para religião em árabe é "din", que significa "débito". O Dia do Juízo Final é o "dia do débito", e um dos comentários do Profeta assegura aos eleitos um mercado eterno no paraíso.
Vê-se por aí o quanto não se estima um mercador no Islã. O comércio é um elemento fundamental da vida, e a barganha, uma arte, elevada à condição transcendental.
O Mercado Árabe é um mundo à parte em Jerusalém. Nessa profusão de pequenas lojas, adivinhadas por entre a cortina de gente, tapetes e fumo, o mundo subterrâneo das galerias ressoa, sem contradição com o canto gravado dos muezim. Verdadeira colméia de comércio, o mercado é todo um universo de cheiros e temperos.
Quem tiver coragem pode alugar um narguilé (cachimbo d'água) e experimentar o delicioso tabaco de maçã. O haxixe é de graça: está no ar. Chá de menta é vendido por ambulantes. Café também, mas peça sempre com cárdamo, sem o que, para os árabes, ele não passa de um líquido preto, "escuro e sem gosto, como a morte".
Mulheres e camelos
Diz a lenda que os beduínos trocam camelos por mulheres. Não é lenda: é verdade. No mercado de Beersheba, o dote por uma mulher gorda pode chegar a 30 ou 40 camelos (quanto mais gorda, mais camelos).
Um camelo vale US$ 3.500. Não se engane, portanto, com a aparência dos acampamentos beduínos.
Atrás das tendas, pode se esconder um patrimônio de mais de US$ 500 mil em camelos, ou mulheres gordas.

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