São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Despesas para manter o Planalto crescem com FHC

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, custa mais caro do que à época de Itamar Franco (1992-1994).
Relatório reservado da Presidência da República revela que houve aumento de gastos em toda a área administrativa: transporte, alimentação, comunicações e segurança.
A elevação das despesas veio acompanhada de um orçamento mais generoso. De 1994 para 1995, houve um aumento de 126% no volume dos recursos obtidos pela Presidência.
No último ano de seu governo, Itamar tinha disponíveis R$ 37 milhões. FHC começou seu mandato com R$ 89 milhões. Neste ano, a dotação é 10% maior, ou seja, um total de cerca de R$ 98 milhões.
O documento, chamado de "Relatório de desempenho 95", cita -sem mencionar gastos- que a frequência de viagens internacionais de FHC é 171% maior do que a contabilizada no governo anterior.
Em 1994, Itamar viajou sete vezes. FHC deixou o Brasil por 19 vezes no ano passado.
O tucano também circulou mais dentro do país: 38 viagens contra 7 de Itamar. A Folha apurou que o Planalto prepara um relatório com todos os gastos das viagens de FHC nos últimos 15 meses.
Varredura
Cerca de R$ 6 milhões dos R$ 8 milhões da área de comunicação foram usados em 1995 para equipamentos de segurança. Os sistemas de rádio e telefonia foram renovados.
A maior vantagem é que, em suas viagens, o presidente conta com uma espécie de "frequência direta" de seu avião com o Planalto. Que permite ser contatado mesmo em lugares com má captação de ondas de rádio.
A equipe de segurança recebeu comunicadores novos, e os telefones acusam qualquer tipo de escuta irregular. Foram comprados ainda equipamentos para "varredura" de locais a serem visitados por Fernando Henrique.
Compras públicas
Houve uma variação de 20% a mais no total de licitações feitas no primeiro ano do governo FHC.
No ano passado, foram registradas 1.238 modalidades de licitação.
A tomada de preços foi maior depois da mudança do governo. Foram feitas 51 consultas contra apenas 27, ocorridas em 1994.
FHC e sua equipe consumiram mais combustível. No ano passado, foram gastos 342 mil litros de álcool e 102 mil de gasolina. A variação foi de 15%. A maioria dos carros a serviço do Planalto tem pelo menos quatro anos de uso.
Pelo menos R$ 3 milhões foram pagos pela Presidência para custear refeições no governo.
Jantares no Brasil e no exterior, recepções, almoços nos três restaurantes do prédio e marmitas para funcionários alcançaram um total de 580 mil refeições servidas. Em 94, foram 350 mil.
O relatório atribui o aumento à criação do Comunidade Solidária e à volta da vice-presidência, inexistente no governo Itamar.

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