São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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PFL decide atrasar reformas no Senado

RAQUEL ULHÔA; VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL já decidiu que fará alterações na reforma da Previdência no Senado. Com as mudanças, o texto voltará à Câmara e dificilmente será promulgado este ano. O mesmo deve ocorrer com a reforma administrativa.
Para os pefelistas, a volta da reforma para apreciação na Câmara tornará impossível a sua aprovação ainda este ano, porque no segundo semestre o Congresso estará esvaziado devido às eleições.
A decisão do PFL, aliado governista, acabará atrapalhando os planos do Palácio do Planalto. A meta do presidente Fernando Henrique Cardoso era aprovar logo as duas reformas no Congresso.
A cúpula pefelista afirma que pode propor até uma "mudança radical" no texto da Previdência aprovado na Câmara. O objetivo é tirar da Constituição o máximo possível de regras previdenciárias.
Privilégios
O líder do governo no Senado para assuntos econômicos, Vilson Kleinubing (PFL-SC), diz que a proposta de reforma da Previdência em votação na Câmara é "um monstrengo" e que sua alteração pelo Senado será "inevitável".
Sua principal crítica ao projeto do deputado Michel Temer (PMDB-SP) é a manutenção de vários sistemas de aposentadoria e dos privilégios do setor público.
"Temos de cortar os privilégios e ter um sistema único de Previdência para todo trabalhador, inclusive para os parlamentares. Por que o operário da fábrica tem de se aposentar mal e o servidor público bem?", pergunta o senador.
Ex-governador de Santa Catarina, Kleinubing afirma que o maior problema que os governadores enfrentam para administrar seus Estados é o peso na folha de pagamentos dos benefícios pagos aos servidores inativos.
"Na Polícia Militar de qualquer Estado, há 22 coronéis na ativa e 60 em casa. A proporção é de três a quatro inativos por um ativo", diz.
Aprimoramento
Kleinubing afirma que, "nos casos das reformas administrativa, tributária e da Previdência, o governo não vai poder exigir que o Senado não aprimore as leis, baseado no princípio de que se houver alteração a proposta volta à Câmara. Nesses assuntos, os senadores têm muita experiência e querem contribuir".
O Senado atendeu ao governo e não modificou as reformas da ordem econômica -navegação de cabotagem, definição de empresa nacional e monopólios do petróleo, serviços de telecomunicações e distribuição de gás canalizado. Isso evitou atrasos na tramitação.
Naqueles casos, segundo Kleinubing, os assuntos "eram fáceis". Ele prevê que o Senado não vai aceitar passivamente que os novos sistemas previdenciário e tributário e a reforma administrativa sejam definidos apenas pela Câmara.
O Planalto já trabalha com o atraso na votação. Por isso, vai dizer que o mais importante é a sinalização de que as reformas estão caminhando dentro do Congresso.
(RAQUEL ULHÔA E VALDO CRUZ)

Colaborou FERNANDO RODRIGUES

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