São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
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Gregori Warchavchik faz cem anos de modernismo

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

O arquiteto russo Gregori Warchavchik (1896-1972) faria hoje cem anos, mas a festa só acontece a partir do dia 29, quando o Centro Cultural São Paulo inaugurará uma grande mostra retrospectiva de toda a sua produção como arquiteto, designer e fotógrafo.
Warchavchik chegou ao Brasil aos 27 anos, depois de uma passagem por Roma, onde trabalhou com o arquiteto Marcello Piacentini. Aqui, teve uma má impressão do Teatro Municipal e da catedral da Sé. "Como é possível uma catedral gótica, barroca e renascentista construída em pleno século 20?", perguntou.
Começou a dar suas opiniões sobre o que deveria ser a arquitetura moderna em 1925, quando publicou no "Correio da Manhã", do Rio de Janeiro, o manifesto "Acerca da Arquitetura Moderna".
Dois anos depois, projetou sua primeira casa modernista, na r. Santa Cruz, 325, na Vila Mariana. "Um tipo de casa racional, confortável, de pura utilidade, repleta de ar, luz e alegria", disse. Segundo ele, até aquele momento, vivia-se uma "arquitetura de fachada", com pouca atenção para a funcionalidade do imóvel.
A preocupação de Warchavchik não ficava, porém, restrita às formas. Era um crítico ferrenho do tempo gasto nas construções, da falta de pesquisa para o desenvolvimento de novos materiais e da ausência de investimentos em processos de pré-fabricação. "Por que gastar seis meses na construção de uma casa quando a Volkswagen fabrica milhares de veículos em poucas horas?", era uma de suas perguntas frequentes.
Também propunha o uso de novos materiais, como papelão prensado e madeira agregada. E isso quando a ecologia ainda nem estava na pauta do dia.

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