São Paulo, terça-feira, 2 de abril de 1996
Próximo Texto | Índice

VER PARA CRER

No início de fevereiro o governo adotou medidas que visavam, segundo o presidente do BC, Gustavo Loyola, mais a "direcionar" que a "conter" as entradas de capitais.
As medidas incluíam a ampliação de dois para três anos do prazo mínimo para empréstimos tomados no exterior por empresas brasileiras e a proibição de aplicações em títulos públicos dos recursos captados no exterior por bancos. Ainda assim, em fevereiro mesmo as medidas não surtiram efeito, e o saldo de dólares chegou a mais de US$ 2 bilhões.
Em março, o quadro se alterou significativamente. Mas é difícil dizer até que ponto se trata já dos efeitos do pacote de fevereiro. O movimento de capitais na conta estritamente financeira deixou um saldo negativo e, na conta comercial, o saldo positivo foi ainda elevado, superando os US$ 1,2 bilhão. O saldo conjunto foi positivo em mais de US$ 800 milhões.
Pelo menos três fatores tornam difícil precisar, por enquanto, a natureza desses fluxos ou a sua estabilidade. Em primeiro lugar, março é um mês tradicionalmente associado a remessas (como lucros e dividendos).
Segundo, as turbulências financeiras internas foram expressivas, com destaque para a então iminência de uma CPI do sistema financeiro que deve ter contribuído para afugentar capitais mais ariscos, especialmente os que estavam investidos em Bolsas.
Terceiro, ao longo de março as taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos tiveram uma alta expressiva nas últimas semanas, o que também pode ter contribuído não apenas para estimular o retorno de capitais como também para desestimular os fluxos de entrada de capitais.
O nível de reservas cresceu. As taxas de juros internas continuam bastante elevadas frente às externas. E a atividade econômica doméstica ainda é moderada. Portanto, permanece em suspenso se o que se fez até agora é o bastante para de fato "redirecionar" o fluxo dos capitais externos.

Próximo Texto: NA CARNE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.