São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996 |
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Sarney quer punir 'ofensa' ao Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Preocupado com as repercussões junto à opinião pública do noticiário apontando mordomias no Senado, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), acionou a Procuradoria Parlamentar da Casa para tomar as "providências legais" cabíveis para defender a instituição.Sarney enviou à procuradoria um dossiê com as notícias publicadas pela imprensa nos últimos 15 dias. O dossiê inclui reportagens apontando gastos de cerca de R$ 4 milhões com reformas de apartamentos e gabinetes de senadores e compra de frota de carros novos (43 Vectras e 44 Tempras) para os senadores. Campanha Sarney diz achar que o Congresso está sendo vítima de uma campanha de desmoralização, orquestrada pelo Executivo. O objetivo seria enfraquecer a instituição e, consequentemente, minar qualquer oposição ao governo federal. A Procuradoria Parlamentar é formada pelos senadores Nabor Júnior (PMDB-AC), Waldeck Ornelas (PFL-BA), Emília Fernandes (PTB-RS), José Ignácio Ferreira (PSDB-ES) e Lauro Campos (PT-DF). Sua finalidade é defender o Senado e os senadores perante a sociedade, quando eles se considerarem atingidos em sua honra ou em sua imagem. Cabe à procuradoria propor medidas judiciais e providenciar "ampla publicidade reparadora de matéria ofensiva ao Senado". "Orquestração" Em discurso, o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) disse que "há uma orquestração contra a atuação do Senado, que também pretende atingir o presidente da Casa". Segundo Cabral, "é típico das ditaduras enfraquecer o Judiciário e o Legislativo". Para Gerson Camata, (PMDB-ES), se fossem cortadas as regalias do Senado, somente os ricos poderiam ser senadores. Gilvan Borges (PMDB-AP) disse que o carro destinado a seu uso era tão velho que ele foi obrigado a ajudar o motorista a empurrá-lo para que o motor funcionasse. Reação Sarney e seus aliados estão certos de que o governo consideraria bem-vinda uma forte reação popular contra o Congresso Nacional para facilitar a aprovação das reformas. Para os amigos do presidente do Congresso, a campanha que estaria sendo conduzida a partir do Palácio do Planalto ainda é um desdobramento do fato de o senador ter-se posicionado como favorável à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bancos. Texto Anterior: Pactos internacionais devem orientar decisões, dizem juízes Próximo Texto: General é contra indenização a famílias Índice |
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