São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996 |
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Presos fogem com 6 reféns após 151 h WILLIAM FRANÇA WILLIAM FRANÇA; LUIS HENRIQUE AMARAL
A rebelião no Cepaigo (Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás), em Aparecida de Goiânia (30 km de Goiânia), iniciada às 11h da última quinta-feira, foi encerrada ontem às 18h25 com a fuga de pelo menos 40 presos, que levaram seis reféns em oito carros, escoltados pelas polícias Federal e Civil. O comboio saiu do Cepaigo a uma velocidade de 20 km/h e tomou a direção norte da BR-153 (veja mapa abaixo). O tráfego na rodovia foi fechado minutos antes pela polícia, provocando um engarrafamento de cerca de 2 km. O sequestrador e assaltante Leonardo Pareja, 22, dirigia um Omega preto, o último da fila de oito carros. Todos eles estavam com os vidros forrados por jornais. Pareja passou acenando para a imprensa. Os reféns que acompanharam os rebelados durante a fuga são: o desembargador Homero Sabino, presidente do Tribunal de Justiça de Goiás; o seu filho, Aldo Guilherme Sabino Freitas, promotor; Antônio Lorenzo Filho, secretário da Segurança Pública de Goiás; Gilberto Marques Filho, diretor do Fórum do TJ; Fábio Cristovam de Faria, juiz; e Zacarias Coelho, juiz. Até as 19h de ontem, a comissão não havia divulgado a lista oficial. A rebelião durou 151 horas e 25 minutos e não deixou mortos entre os presos amotinados e os 40 reféns iniciais. Houve a fuga de oito detentos. Entrevista Às 15h30 de ontem Pareja convocou uma entrevista coletiva -a segunda desde o início da rebelião- para anunciar a fuga para depois das 21h. Não havia sido divulgado, até as 19h, o porquê dessa antecipação. Pareja diz ter assumido o comando das negociações a pedido dos próprios reféns -no início, ele não era um dos rebelados. Ele disse que os reféns seriam soltos quando houvesse segurança tanto para eles quanto para os fugitivos. O assaltantes disse que não estava fugindo: iria acompanhar o comboio "para dar um apoio moral e espiritual aos reféns e aos fugitivos", e que voltaria ao Cepaigo. Pareja disse que a fuga seria tranquila, pois teria havido uma síndrome de Estocolmo (sentimento de simpatia dos sequestrados em relação aos sequestradores). O seu companheiro, Amauri Gomes de Oliveira, o "Carioca", dividiu as atenções na coletiva: ambos falavam baixo e articuladamente. Pareja disse que o motim foi "uma lição para desembargadores, coronéis e juízes". Próximo Texto: Motim foi "lição para as autoridades", diz Pareja Índice |
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