São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Diretor faz greve de fome há 3 dias

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor da Escola Estadual Pedro Casemiro Leite, Santo dos Reis Siqueira, 53, manteve ontem, pelo terceiro dia, seu protesto -com greve de fome e o pulso acorrentado a uma coluna- contra a não liberação de R$ 90 mil prometidos para uma ampliação do colégio.
A Secretaria da Educação, por sua vez, abriu um processo administrativo para apurar responsabilidades nos acontecimentos da escola de Cotia (Grande São Paulo).
O diretor Siqueira acusa a secretaria de ter prometido o dinheiro em diversos momentos este ano e de estar retendo a verba, "sem explicação". A obra começou com dinheiro da Associação de Pais e Mestres (APM), mas parou no mês passado por falta de recursos.
O secretário-adjunto da Educação, Hubert Alquéres, 36, afirma que, sem um projeto de engenharia, o dinheiro não será liberado. "Nós temos que zelar pela segurança das crianças".
Siqueira diz que se manterá em greve de fome e acorrentado à coluna até o dinheiro da reforma sair.
Segundo ele, este ano ele aceitou mais 500 alunos -agora são 2.500 na escola-, contando com a construção de três novas salas.
Alquéres diz que Siqueira está "tentando pressionar a secretaria com um fato consumado", mas que isso não se sobreporá às exigências legais para construções.
Tanto Siqueira como o presidente da APM, Odamir Marques Jr, 43, afirmam que em nenhum momento a secretaria exigiu um projeto de engenharia para a obra. "Temos um laudo de um engenheiro que aponta algumas falhas na construção, que podemos corrigir", diz Marques.
Alquéres afirma que "todos sabem que para construir um edifício é necessário fazer um projeto".
Relatório feito por engenheiros contratados pela secretaria e datado de 20 de março recomenda a "interdição da continuidade da execução da obra" e levanta anomalias que vão da mistura do concreto à má colocação de vigas.
A Udemo (sindicato de diretores da rede) condenou ontem a atitude de Siqueira. "Não é fazendo greve de fome que se resolve problemas da educação", afirmou o presidente da entidade, Roberto Torres Leme.

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