São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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Fipe já admite inflação de 10% este ano

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação de 1996 deve ser a menor dos últimos 46 anos. As reduzidas taxas dos últimos meses, abaixo das previsões, fez a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever suas estimativas para 96.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, diz que a taxa anual pode recuar para até 10%. Se isso ocorrer, será a menor desde 1950 (3,59%).
A Fipe confirmou para março a taxa de 0,23% com a qual o mercado financeiro já contava desde terça-feira.
Desde dezembro de 1958 a cidade não tinha aumento mensal de preços tão reduzido, segundo a Fipe.
Essa taxa contraria todas as expectativas feitas anteriormente para o mês. A própria Fipe esperava algo próximo a 1%. A queda dos preços dos alimentos e do vestuário, neste caso ainda mais acentuada, puxou a taxa para baixo. Em fevereiro os preços haviam registrado alta de 0,40%.
Média de 0,81%
Nos três primeiros meses de 96 a taxa acumulada de inflação é de 2,46%, com média mensal de 0,81%. As pressões no período vieram de tarifas públicas (telefone e luz) e de matrículas e mensalidades escolares. Já os alimentos e vestuário impediram a expansão da taxa.
Nos últimos 12 meses os preços tiveram reajustes médios de 21,24% em São Paulo, segundo a Fipe. Esta taxa foi elevada por conta de aluguel e de mensalidades e matrículas escolares.
Se estes dois itens tivessem sido reajustados na média dos demais, a inflação teria sido de apenas 15% nos últimos 12 meses, diz Heron.
Os produtos industrializados também estão auxiliando a manutenção de taxas baixas de inflação. Em março, os produtos de higiene e de beleza e os de fumo e bebidas subiram 0,04%. Os remédios ficaram 0,26% mais caros, e os alimentos industrializados, 0,07%. Já os artigos de limpeza, com reajuste de 0,45%, superaram a taxa média de inflação.
Cenário tranquilo
O cenário para a inflação é bom, comenta o economista da Fipe. Os principais reajustes na área pública já ocorreram. Restam os de ônibus e água, previstos ainda para o primeiro semestre.
Os reajustes do segundo semestre não serão de impacto, diz Heron. O que mais pode pesar será um repique de aluguel, que tem a maioria dos contratos concentrados em agosto.
O economista da Fipe não acredita, inclusive, em pressões agrícolas. Para ele, os preços não devem ter grandes oscilações, apesar da quebra da safra. Para abril, a previsão da Fipe é de uma taxa próxima a 1%.

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