São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Personagens da crise

. Luiz Paulo Vellozo Lucas, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda: considera que o DNC defende a Petrobrás e o Ministério da Indústria da Indústria e do Comércio tem uma posição favorável aos usineiros. Sua assessoria desconfia dos dados do DNC e do MICT

. Ricardo Pinto Pinheiro, diretor do Departamento Nacional de Combustíveis: não soube avaliar o impacto do reajuste dos combustíveis e do ICMS sobre o preço ao consumidor. Queria uma reajuste de 17% para o preço da gasolina vendida pela Petrobrás, mas foi vetado

. Dorothea Werneck, ministra da Indústria, do Comércio e do Turismo: quer revitalizar o Proálcool, com socorro ao setor via aumento de preços e empréstimos. Não conseguiu avaliar que revendedores tentariam repassar outros custos para o preço ao consumidor além do reajuste

. Pedro Malan, ministro da Fazenda: quer eliminar todos os subsídios do Proálcool, mas vem enfrentando resistências dentro do Palácio do Planalto. Se aliou ao colega José Serra (Planejamento) e conseguiu reduzir o percentual proposto pelo MICT para o atual reajuste

. Clóvis Carvalho, ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República: negociou com a Frente Parlamentar Sucroalcooleira em nome do presidente Fernando Henrique Cardoso. Chegou a acertar um aumento médio ao consumidor de 13,5%, enquanto a área econômico projetou 10%

. Marco Maciel, vice-presidente da República: é o principal interlocutor dos usineiros no governo. Quer manter o Proálcool. Na sua última interinidade -quando FHC estava no Japão- negociou um pacote de medidas de apoio ao programa, mas optou por cancelar o anúncio

. Luiz Milton Velloso Costa, secretário de Produtos de Bases do Ministério da Indústria e Comércio: assim como a ministra Dorothea, quer manter o Proálcool. Teve seus números e dados sobre o assunto considerados suspeitos pela assessoria de Velloso Lucas

Quem ganha e quem perde com a liberação
Ganham:
. Distribuidoras - a liberação de preços permite a estas empresas adotar qualquer margem de lucro para a comercialização de combustíveis

. Postos - nos últimos 58 anos, trabalharam com preço máximo tabelado e agora podem repassar qualquer tipo de custo aos consumidores

. Frentistas - sempre tiveram sua data-base atrelada à tabela de preços e agora têm maior poder de negociação com as empresas

. Malan e Serra - conseguiram reduzir o percentual de reajuste proposto inicialmente por Dorothea para combustíveis e usineiros

. Usineiros - apesar de defenderam um reajuste de aproximadamente 14,5%, acabaram recebendo 11% e podem ter seus débitos renegociados pelo BB

Perdem:
. Consumidores - estão totalmente desprotegidos e contam apenas com os efeitos da concorrência entre postos e distribuidoras

. Petrobrás - teria seus gastos com a "conta-álcool" reduzidos em 90%, mas o reajuste concedido permitirá uma redução de no máximo 50%

. Raimundo Brito - não conseguiu reduzir os gastos da Petrobrás com o reajuste concedido à Petrobrás

. Dorothea Werneck - não emplacou o reajuste que defendia junto aos usineiros e bateu de frente com os colegas Malan e Serra

. Estados - recolhiam o ICMS sobre o preço da bomba e agora passam a recolher sobre um lucro presumido, o que torna a arrecadação mais incerta

Texto Anterior: Subsídios ao Proálcool dividem Malan e FHC
Próximo Texto: Reunião discute preço
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.