São Paulo, quinta-feira, 4 de abril de 1996
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LIXO É NO LIXO

Brasília deu início a um programa de conservação do meio ambiente que, embora já seja adotado há anos nas principais cidades do Primeiro Mundo, ainda é inédito no Brasil. Trata-se da decisão muito simples e racional de multar quem joga lixo onde não deve. Os valores variam de R$ 20 (jogar papel fora da lixeira) a R$ 50 mil (poluir nascente de rio).
Infelizmente, as pessoas ainda não se deram conta do estrago potencial que causam ao meio ambiente quando colocam seus dejetos em lugares inapropriados. Administrar todo o lixo de uma grande cidade quando ele é corretamente acondicionado já é um problema que representa um desafio. Quando os dejetos são espalhados pelo solo, então já se fala de sérios problemas de saúde pública.
Mesmo nas cidades que reciclam tudo o que é reciclável ainda sobra grande quantidade de material que deve receber tratamento. Os mais comuns são incineração, que aumenta a poluição do ar, descarregamento no mar, também poluente, e criação de depósitos de lixo terrestres, os chamados aterros sanitários, que usualmente são focos de poluição com risco de contaminação de mananciais.
Se, mesmo quando o lixo é corretamente recolhido e o material não-biodegradável é reciclado, surgem todos esses problemas, há ainda o caso de boa parte das cidades brasileiras em que a população o espalha caoticamente pelas ruas. Os dejetos acabam se acumulado, favorecendo a disseminação de doenças como a peste bubônica ou, pior, contribuindo para o agravamento das enchentes que, por sua vez, aumentam a incidência de leptospirose.
Infelizmente, o brasileiro parece ainda não se ter dado conta da responsabilidade individual de cada um na conservação do meio ambiente e, portanto, da qualidade de vida e da saúde de seus concidadãos. Mas é de fato lamentável que o único meio de fazê-lo prestar mais atenção a esse aspecto seja a multa.

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