São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Meridional interessa a estrangeiros

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas bancos estrangeiros manifestaram interesse firme na compra do Banco Meridional, que será privatizado em 14 de maio.
Mas os interessados têm procurado associação com grupos brasileiros da região Sul, já que o banco tem acentuado "sotaque gaúcho".
Com sede em Porto Alegre, o Meridional tem 189 das suas 256 agências instaladas no Rio Grande de Sul, Santa Catarina e Paraná.
Os interessados também precisam compor com os funcionários, que podem adquirir 8,2% das ações com desconto de 50%.
O BNDES, agente da privatização, procurou estimular essas associações.
Ocorre que o Meridional, além do peso econômico, tem importância simbólica entre empresários e políticos dos Estados do Sul.
Não há, entretanto, grupos empresariais sulinos em condições de adquirir o Meridional. Por isso, se facilitou a entrada de minoritários.
Pelas regras da privatização, o BNDES vai vender 51% das ações para um determinado comprador.
Mas o grupo comprador pode ser integrado por empresas que tenham apenas 1% do capital.
Assim, uma instituição estrangeira pode entrar, por exemplo, com 35% do capital e completar até os 51% com a participação dos funcionários e de grupos locais.
Para a diretora de Privatização do BNDES, Elena Landau, essa seria uma boa solução, embora haja autorização para que o banco seja adquirido só por estrangeiros.
Na mesma direção, Carlos Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros e Consultores, observa que um banco brasileiro, ou um banco estrangeiro já instalado aqui, teria um problema interno imediato na aquisição do Meridional.
Esse tipo de comprador teria interesse em transferir a sede para São Paulo, por exemplo, enfrentando resistência dos funcionários e do empresariado gaúcho.
Por isso, a expectativa no mercado financeiro é a de que o Meridional seja adquirido por um grupo estrangeiro novo na praça.
O preço mínimo de venda é de R$ 296,8 milhões. Como o BNDES vai aceitar até 90% em "moedas podres", esse preço pode ter um desconto de 30%.
"Moedas podres" são títulos de dívida emitidos pelo governo federal. Como o prazo é longo e o recebimento duvidoso, esses papéis são negociados com desconto.
Mas o BNDES os aceita pelo valor total. Segundo Elena Landau, é uma linha de financiamento.

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