São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Fuga tem dez recapturados e 2 mortes

WILLIAM FRANÇA; LUÍS HENRIQUE AMARAL
DOS ENVIADOS ESPECIAIS E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saga dos amotinados do presídio de Aparecida de Goiânia (30 km de Goiânia, GO) começa a chegar ao fim. Até as 19h de ontem, 10 dos 45 fugitivos tinham sido presos. Um morreu. As seis pessoas levadas como reféns estão em liberdade.
Uma estudante morreu em um tiroteio entre a polícia e os fugitivos. A rebelião terminou anteontem, após 151 horas, com a fuga de cerca de 40 presos -com os seis reféns- em oito carros fornecidos pela polícia.
A estudante Carolina Cardoso de Andrade, 24, foi morta quando parou na barreira feita pela polícia. Uma bala perdida atravessou seu braço esquerdo e se alojou em seu peito.
Leonardo Pareja, 22, líder da rebelião, foi detido em Porangatu (GO), depois de permanecer por pelo menos três horas passeando em Goiânia. Chegou a parar num bar para comprar cerveja.
Aldo Sabino, 23, que o acompanhava como refém, disse ontem à Folha que considera Pareja um "amigo" seu. O assaltante chegou a deixar o revólver com o refém quando saiu do carro para comprar cerveja.
Presos
Até as 20h de ontem, as polícias Civil e Militar do DF não se entendiam sobre a prisão de outros dois suspeitos. Eles estavam armados, num ônibus que seguia para Brasília. Não portavam documentos e traziam R$ 2.000 cada um, segundo informa a PM.
O fugitivo José Amâncio Costa Neto foi detido, às 6h da manhã de ontem, a 10 km de uma barreira no DF, onde havia abandonado, na madrugada, o Verona cuja perseguição causou a morte de Carolina. Em Santo Antônio do Descoberto (GO), a polícia prendeu Divino Gonçalves Soares.
Na noite de anteontem, seis presos que seguiam num Tempra, levando o desembargador Homero Sabino como refém, trocaram tiros com policiais do Distrito Federal e acabaram presos.
Em Porangatu (GO), foi detido outro fugitivo, ainda não identificado. Ele acompanhava Célio Antônio de Souza, morto por um tenente do Exército.
Satisfeito O governador de Goiás, Maguito Vilela (PMDB), disse ontem que está satisfeito com o desfecho do episódio. Ele deu a declaração depois de ser informado da libertação de todos os seis reféns: "O importante foi ter preservado a vida dos reféns", afirmou.
O desembargador Homero Sabino, um dos reféns, criticou a comissão que negociou a libertação dos reféns. "A comissão tomou medidas que transformaram o presídio num inferno, como o corte de água e luz", disse.
Durante todo o dia de ontem, um mutirão tentou recuperar as instalações do presídio para que os 480 presos que foram levados para o estádio Serra Dourada pudessem retornar às celas.
A remoção começaria no início da noite de ontem.
(WILLIAM FRANÇA E LUÍS HENRIQUE AMARAL)

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