São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Blitz faz posto baixar o preço em São Paulo

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O posto JK, localizado na avenida Juscelino Kubitschek (zona sul de São Paulo), passou ontem de um reajuste de 20%, que tinha sido aplicado no álcool após a liberação dos preços, para um reajuste de 13,4%.
O que motivou a revisão para baixo dos preços foi uma blitz feita ontem pelo inspetor regional da Secretaria de Direito Econômico (SDE) em São Paulo, Paulo Cremonesi.
Cremonesi foi o autor do pedido de abertura de inquérito administrativo contra as distribuidoras de combustível por suspeita de formação de cartel, feito anteontem.
O Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) julgará o caso. Pode acabar na interdição das distribuidoras.
O objetivo da blitz era apenas o de lavrar um auto no qual ficariam registrados os preços que estavam sendo praticados nos combustíveis, com o objetivo de manter a secretaria informada.
Propaganda enganosa
No entanto, quando lavrava o auto, Cremonesi descobriu que o posto estava vendendo gasolina aditivada como se fosse comum -o que caracterizaria, segundo Cremonesi, propaganda enganosa.
Ainda para piorar a situação, o visor ao lado da bomba de combustível -que abastecia gasolina aditivada- mostrava gasolina comum.
"Dei um prazo de oito dias para o posto regularizar essa situação, a partir daí o estabelecimento está sujeito a multa diária de até R$ 2,6 milhões."
Segundo ele, o caso vai agora para o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, também do Ministério da Justiça, que abrirá um inquérito para apurar os responsáveis.
Isso porque muitos consumidores, afirma, foram lesados ao comprar gasolina aditivada pensando que era comum.
Foi o que ocorreu com o analista de sistemas Marco Antonio Canello, 39, que ontem encheu o tanque de seu Verona no posto JK.
"Quase nunca abasteço aqui, mas da próxima vez vou ficar ligado", disse Canello, depois de saber que tinham colocado combustível aditivado em seu carro.
Defeito
O gerente do posto JK, José Bezerra da Silva, 46, afirmou que a gasolina comum estava em falta por isso foi colocado combustível aditivado no lugar.
O posto mantinha a bomba de combustível comum seguindo norma do Departamento Nacional de Combustível. A norma caiu com a liberação de preços, o que o gerente desconhecia.
Segundo ele o visor que mostrava gasolina comum ao lado da bomba está com defeito.
O supervisor do posto, Luiz Jacó, afirmou que o aumento de 20% que tinha sido aplicado no álcool foi feito para compensar os aumentos de custos.
"Mas já estávamos mesmo pensando em baixar os preços", afirmou.

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