São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Coração cortado
JUCA KFOURI Que o futebol é uma paixão que cega e que dá pouco espaço à racionalidade é coisa sabida desde antes do primeiro Fla-Flu.Que o torcedor padrão quer mais que seu time ganhe no último minuto com gol de mão também não é novidade. Mas até o exagero tem limite. Brinquei no último "Cartão Verde" que cortaria o braço se o Palmeiras não ganhasse do Atlético-MG em Belo Horizonte. Brinquei, repito, é claro, e por motivos óbvios. O futebol talvez seja o único esporte do mundo que não permite previsões, exatamente o que fez dele o mais apaixonante dos esportes. E a hipótese de automutilação só pode ser uma brincadeira. Recebi, no entanto, cerca de 30 mensagens por intermédio de meu endereço particular na Internet, aqui publicado tempos atrás (jkfouri@dialdata.com.br) -não pelo do jornal (jkfouri@folha.com.br), portanto. Pois bem. Das quase 30 mensagens, apenas cinco mereceram respostas, porque, mesmo quando indignadas, eram educadas, às vezes engraçadas, enfim, civilizadas. As outras foram para o lixo e nem sequer mereceram leitura até o fim, tal a grosseria. Gente que está na Internet, veja bem. Valentões eletrônicos, do mesmo tipo dos que frequentam as torcidas organizadas e vão aos estádios cometer violências, dar garrafadas em jogadores. Preferiam que eu tivesse dito que o futebol é uma caixinha de surpresas, que tudo pode acontecer, que o Palmeiras está em ótima fase, mas que o Galo é sempre o Galo, ainda mais em casa, e que cortaria o braço se não desse um de três resultados: vitória, empate ou derrota. É claro que não há aqui nenhuma intenção de tripudiar devido ao acerto da "previsão". Ao estilo do que querem esses fanáticos provincianos, direi que o Palmeiras venceu como poderia ter perdido, ou empatado. Mas há, sim, um pedido: mudem de canal, não leiam essas linhas. Parodiando Nelson Rodrigues, Deus me livre dos idiotas da objetividade. * Em tempo: o coração torcia pelo Galo. Era mais notícia e seria mais engraçado. * Vasco e Botafogo entraram fortes na briga para tirar Giovanni do Santos, que deverá tirar o técnico José Teixeira do Novorizontino. Texto Anterior: Sonho ou loucura?; Dieta para a volta; Maradona no ringue Próximo Texto: Corinthians desafia Remo e o cansaço em Sorocaba Índice |
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