São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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MST inicia marcha pela reforma agrária

DA AGÊNCIA FOLHA; DA FOLHA SUDESTE

Os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) iniciaram ontem em várias cidades do interior do país marchas até as capitais dos Estados para reivindicar a agilização do processo de reforma agrária.
Em São Paulo, os manifestantes partiram de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo) e Sorocaba (87 km a oeste de São Paulo).
Desta última cidade, a caminhada começou às 9h30 de ontem com um grupo de cem manifestantes ligados ao MST.
Os sem-terra de Sorocaba reivindicam glebas de terra nas fazendas Ipanema e Pirituba, que pertencem aos governos federal e de São Paulo, respectivamente.
A Polícia Rodoviária acompanha a caminhada, feita às margens da rodovia Castelo Branco.
Missa
Pela manhã, os sem-terra participaram de uma missa celebrada pelo arcebispo de Sorocaba, d. Luiz Lambert, que apóia o movimento e arrecadou alimentos e dinheiro para o grupo.
Em Campinas, o protesto contou com a presença de dois dos principais líderes do MST no Pontal do Paranapanema (extremo-oeste de São Paulo), José Rainha Jr. e Diolinda Alves de Souza.
Segundo eles, o movimento pretende melhorar sua imagem junto à classe média para conquistar apoio às suas propostas de reforma agrária e ocupações de terra.
Diolinda disse que para conseguir o apoio da população urbana, o MST pretende intensificar os contatos com sindicatos, setores da Igreja Católica e entidades civis.
"Nós temos apoio das classes mais pobres da população que vive nas cidades, mas ainda enfrentamos resistência e preconceito por parte da classe média", afirmou.
Rainha disse que o MST pretende criar o "marketing da reforma agrária" nas cidades para conquistar o apoio da classe média.
Segundo os organizadores da marcha, cerca de 500 pessoas (350, segundo a Polícia Rodoviária) participam da caminhada pela rodovia Anhanguera, prevista para terminar na próxima terça-feira com a chegada em São Paulo.
Maranhão
No Maranhão, um grupo de 500 sem-terra deve iniciar hoje pela manhã uma caminhada entre Santa Rita e São Luís (MA), num percurso de 79 quilômetros. Segundo o MST, há cerca de 27 mil famílias sem-terra no Estado.
No final da caminhada, o movimento dos sem-terra espera reunir mais de 2.000 pessoas numa concentração na praça Marechal Deodoro, no centro de São Luís. A chegada da marcha está prevista para quarta ou quinta-feira.
Em Açailândia (558 km de São Luís), 600 famílias continuavam acampadas ontem numa área próxima à BR-010 (Belém-Brasília).
Elas aguardam negociações com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária para a realização de assentamentos.

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