São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Indústria não quer financiar telefônicas

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fabricantes de equipamentos de telecomunicação não querem mais tomar empréstimos no exterior para financiar as companhias telefônicas estatais.
A decisão é do conjunto da indústria porque a NEC do Brasil foi desqualificada em uma grande concorrência no Rio Grande do Sul com o argumento de que a empresa estava muito endividada.
A concorrência, no valor aproximado de US$ 500 milhões, é uma das maiores em curso no setor. O vencedor ainda não foi escolhido.
A NEC está com dívida em moeda estrangeira de US$ 700 milhões. Segundo o presidente da empresa, Gilberto Garbi, os empréstimos foram feitos para atender a exigências do próprio Sistema Telebrás, em concorrências anteriores.
Celular
Em dezembro de 1992, a NEC venceu a concorrência da Telesp para fornecimento do sistema de telefonia celular nas principais regiões do Estado de São Paulo.
Um das exigências era a de que o fornecedor financiasse a empresa na compra dos equipamentos -item que deu a vitória à NEC.
O mesmo aconteceu nas concorrências de celular para o Rio, a Bahia e para o interior do Paraná.
Segundo Garbi, as exigências de financiamento feitas pelas telefônicas estão transformando as indústrias em intermediárias de empréstimos e causando distorções em balanços financeiros.
Garbi diz que a desqualificação da empresa no Rio Grande do Sul não faz sentido: "As estatais me mandam endividar e depois me tiram de uma concorrência porque estou endividado."
Temendo cair na mesma situação, as demais indústrais saíram em defesa da NEC e procuraram a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
A Abinee procurou a Telebrás e pediu que as telefônicas passem a buscar seus próprios financiamentos para planos de expansão.
Atravessadores
"Não queremos ser transformados em atravessadores de empréstimos para as estatais", diz Verner Dittmer, presidente da Equitel.
O presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, já sinalizou estar disposto a atender o pedido.
Na terça-feira, ele declarou que a Telebrás deve suprir as necessidades de financiamento do setor com o lançamento de até US$ 1,5 bilhão em títulos no exterior.

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