São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Sindicato

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Famosa por suas ações na década de 70, a GPDA renasceu após a morte de Ayrton Senna. Nesse hiato, a transformação da F-1 em um grande negócio relegou ao piloto apenas o papel de correr. Não o de falar.
Após a tragédia de Imola, no entanto, o público lembrou que o perigo ronda as disputas automobilísticas, e os pilotos, liderados por Gerhard Berger e Michael Schumacher, resolveram recriar seu sindicato.
O nome é pomposo (Grand Prix Drivers Association). As ações, nem tanto.
Enquanto muitos esperavam uma ação direta dos pilotos, principalmente nas questões de segurança, o que se viu foi muito falatório.
De 94 para cá, a associação deveria ter vistoriado cada circuito do calendário, mas isso invariavelmente acontece alguns dias antes de cada GP.
O discurso é sempre o mesmo, pedimos isso ou aquilo, não fizeram, ou fizeram mal feito.
Só gostaria de saber quem apareceu em Buenos Aires no ano passado para falar que com as ondulações na curva Ascari a corrida não aconteceria.
Naquele trecho, percorrido a mais de 260 km/h, os pilotos estão tendo que alterar de linha, evitando dois bumps, que, dizem, fazem o carro tirar as quatro rodas do chão.
Uma situação absurda, que deveria ser tratada como tal. Só que antes, não agora, em que o máximo que poderá ser feito é uma raspagem.
Honestamente, ninguém vai deixar de correr qualquer GP. Para fazer isso, a associação teria que ser dona do negócio. E não é. Infelizmente, os pilotos abusam dos discursos moralistas. Deveriam admitir que ganham para se arriscar.
Só vou acreditar na GPDA quando algo como aconteceu na NHL, NBA e no futebol italiano ocorrer. Até lá...
Sobre Barrichello: por enquanto, é mais fácil criticá-lo. Mudar essa situação é algo que ele própria terá de fazer.

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