São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Nobel é indiciado por sexo com menores

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Daniel Carleton Gajdusek, Prêmio Nobel de Medicina de 1976, foi indiciado ontem por prática de sexo com menores de idade.
Gajdusek, 72, chefe do Laboratório de Estudos de Doenças do Sistema Nervoso Central do Instituto Nacional de Saúde em Bethesda, região da Grande Washington, é tido como um dos mais importantes cientistas dos EUA.
Seu principal acusador é um estudante universitário de 23 anos, natural da Micronésia (arquipélago no oceano Pacífico ao norte da Austrália), que veio para os EUA com Gajdusek em 1987 e viveu com ele dos 14 aos 18 anos.
Em seu currículo, Gajdusek, solteiro, afirma ter adotado 54 crianças da Papua-Nova Guiné e da Micronésia. Autoridades dizem que ele nunca adotou formalmente.
Quatro adolescentes vivem com o cientista em sua casa em Middletown, também na Grande Washington. Segundo vizinhos, festas com dezenas de jovens acontecem com frequência na casa.
Gajdusek ganhou o Nobel pela descoberta do "vírus lento", tipo de organismo antes desconhecido capaz de provocar infecções de longo prazo em seres humanos. Sua pesquisa foi feita na Micronésia e na Papua-Nova Guiné.
Seu trabalho tem sido utilizado como referência básica para o estudo da "doença da vaca louca".
Em 1989, o cientista esteve sob investigação da polícia do condado de Montogmery, mas não chegou a ser indiciado. Desta vez, ele foi preso pela polícia federal (FBI).
Gajdusek estudou Medicina na Universidade de Rochester e se doutorou em Harvard.
Jornalistas que acompanharam sua prisão lhe perguntaram se ele é um pedófilo. Gajdusek respondeu: "Não no sentido que vocês dão ao termo" (pedófilo é o adulto que gosta de crianças; a palavra também é usada para descrever o adulto que pratica sexo com crianças).
A direção do Instituto Nacional de Saúde disse que só vai se manifestar sobre o caso quando conhecer os detalhes da acusação.

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