São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Tigres Asiáticos crescem, mas com menos fôlego

Expansão econômica de 8% ao ano já ficou para trás

OSCAR PILAGALLO
ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Depois de correrem por mais de duas décadas a um ritmo anual médio de cerca de 8%, os Tigres Asiáticos começam a dar claros sinais de falta de fôlego.
Os quatro tigres -Coréia do Sul, Cingapura, Taiwan e Hong Kong- continuam em forma, com desempenhos que ainda superam os das economias ocidentais. Mas as taxas de crescimento devem ser mais modestas.
Se há divergências sobre a intensidade da queda da expansão, ninguém duvida que ela ocorrerá.
Hong Kong -a colônia britânica que será devolvida à China no próximo ano- é a economia da região que menos crescerá em 96.
As projeções variam entre 3,5% e 4,8% (em qualquer caso, abaixo da média desde 75, como mostra a tabela). A previsão mais pessimista é a da Economist Intelligence Unit, instituto britânico de pesquisa. A mais otimista foi transmitida à Folha por Ian Perkin, diretor do Câmara de Comércio de Hong Kong, e traduz a perspectiva da comunidade empresarial local.
No caso de Hong Kong, o menor ritmo de expansão é atribuído à redução do consumo, o que reflete tanto a incerteza diante da transferência de soberania como a preocupação com o aumento do desemprego, que está perto dos 3,5% da força de trabalho.
Há, no entanto, uma série de dificuldades comuns aos quatro tigres. A mais visível é a tendência, cada vez mais nítida, de déficits comerciais crescentes. O problema é agravado pelo fato de que essas economias tiveram no comércio exterior o principal motor do "milagre" das últimas décadas.
As exportações continuam crescendo. As importações é que dispararam devido à necessidade de investimento em infra-estrutura.
O Banco Mundial avalia em US$ 400 bilhões o que os países asiáticos precisariam investir na próxima década em infra-estrutura.
Alguns projetos estão sendo tocados. O maior deles é o do aeroporto de Hong Kong, que consumirá US$ 25 bilhões até 1998.
Papel do dragão
O futuro da Ásia depende da China. Uma incógnita, segundo Jim Rohwer, economista do CS First Boston na Ásia, é a ruptura social e a instabilidade política decorrente. O cenário, se não é o mais provável, não pode ser descartado com as dúvidas diante da sucessão.
Rohwer cita ainda o destino das 100 mil estatais e a instabilidade econômica, com o risco de descontrole da inflação devido à manutenção de um crescimento excessivamente rápido.

O jornalista Oscar Pilagallo viajou a Hong Kong a convite do Trade Development Council.

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