São Paulo, segunda-feira, 8 de abril de 1996
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Governo foi informado em 93

DA ENVIADA ESPECIAL A ANTÔNIO DIAS

Em agosto de 93, no governo Itamar Franco, o então ministro das Minas e Energia, Paulino Cícero, recebeu dossiê do vereador Benedito Lima com denúncias contra a empresa Alexandrita.
Uma das denúncias era a de que a empresa teria subornado pessoas do governo, em 1989, para obter o direito de pesquisa da área, quando várias cooperativas de garimpeiros disputavam esse direito.
Entre os documentos, estavam cópias de notas promissórias, de US$ 300 mil, assinadas por Chang ya Ching em 6 de junho de 89.
As notas não traziam o nome do destinatário, mas no verso de cada uma delas havia uma observação de que o título só seria resgatável depois da publicação do alvará de pesquisa no "Diário Oficial".
Paulino Cícero disse à Folha que não se lembrava do detalhe das notas promissórias. Afirmou que assinou a concessão para a empresa, em outubro de 93, depois de analisar as 1.200 páginas do processo.
Inhame A história da exploração da pedra começa em outubro de 1986. Naquela ocasião, Nilo Alves Pereira, 40, conhecido por Didi, descobriu por acaso uma alexandrita, enquanto colhia inhame à beira de um brejo em Antônio Dias.
Imaginou que fosse esmeralda, pela tonalidade verde, e ficou eufórico. À noite, ao mostrar a pedra à mulher, se decepcionou -estava vermelha. Em poucos dias, várias pessoas garimpavam na região, sem saber de que pedra se tratava.
João Bosco de Araújo, 33, propôs a Didi uma sociedade para requerer o direito de pesquisa da área.
Araújo entrou com o pedido, mas não incluiu o nome de Didi e sim o de seu pai, Artur. Didi tentou, sem sucesso, lutar na Justiça.
A quantidade de alexandrita extraída pelos garimpeiros chamou a atenção do doleiro Chang.
Em 89, Araújo vendeu a ele o protocolo do pedido de alvará de pesquisa por US$ 200 mil, mais uma participação de 17,5% no capital da empresa de Chang.
Dois anos depois, descobriu que sua participação havia caído para 0,5% e entrou na Justiça para anular o negócio. A ação ainda tramita no Superior Tribunal de Justiça.

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