São Paulo, segunda-feira, 8 de abril de 1996
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FHC e os bancos

VALDO CRUZ

Brasília - A novela do Banco Econômico vai chegando ao fim. Com um final feliz para os baianos e muita dor de cabeça para o governo Fernando Henrique Cardoso.
O episódio mostrou muito bem como um governo com uma base de sustentação política frágil está sujeito a todo tipo de pressão. E acaba cedendo a elas. Senão, vejamos.
Em agosto do ano passado, o Banco Central interveio na instituição financeira baiana. A diretoria do BC achava que o melhor caminho era liquidar o banco.
Informado da real situação do Econômico, o presidente Fernando Henrique Cardoso deu, na época, seu aval para a liquidação.
Depois veio a pressão da bancada baiana, liderada pelo senador Antônio Carlos Magalhães. Aí, a firmeza e a convicção do governo começaram a se esfarelar. Até desaparecerem completamente.
E não pensem que as pressões em defesa de bancos vieram apenas de pefelistas baianos. FHC foi bombardeado por líderes de seu próprio partido, o PSDB. Foi o caso do governador paulista Mário Covas e seu Banespa.
A diretoria do BC disse, em conversas reservadas, que tecnicamente o destino do banco paulista era fechar as portas. E não uma intervenção que manteve o Banespa com suas agências abertas.
O presidente FHC, por seu lado, chegou a defender a privatização como a melhor saída para a crise do banco de seu Estado.
Disse isso em entrevista à imprensa durante viagem ao exterior.
Mais uma vez, como no Econômico, o governo cedeu a pressões políticas. Covas e os políticos paulistas -até os da oposição- protestaram. FHC foi obrigado a fechar um acordo para devolver o Banespa ao governador paulista.
Os dois casos são emblemáticos. O governo tucano mostra, a cada dia, que tem um bom discurso. Mas acaba sucumbindo na prática.

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