São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 1996
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Antes Benito que Hitler Mussolini de Oliveira

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Como é doloroso, ó Deus, o regresso do feriado! Fui ao Rio no tal Trem de Prata e, apesar de cabines um tanto liliputianas e de uma carta de vinhos que deixa a desejar, constatei que o serviço lembra aquele dos velhos tempos do Copacabana Palace. Aliás, o Copa de hoje também lembra o dos velhos tempos.
Me hospedei no Copa meses antes do início da reforma realizada pela nova administração. Ao dar entrada no quarto me dirigi ao banheiro, mas fui barrada por uma ratazana que tomara conta do pedaço.
Corri para cima da cama e liguei para a governança. Minutos depois, me aparece um camareiro com um porrete em uma mão e um Baygon spray na outra. Perguntei se ele estava convencido da eficácia daquele sistema rudimentar. "Imagine! Dia sim, dia não, mato rato desse jeito".
O Copa infestado por ratos? Liguei imediatamente para a recepção: "O senhor me arrume já um quarto no Caesar Park, porque aqui está assim, ó, de rato".
O recepcionista, coitado, sem saber de meu elucidativo colóquio com o exterminador, garantiu: "Mas não há ratos no Copacabana Palace". Ah, não? Conclusão: armei um tal forrobodó que a gerência acabou me instalando de graça em uma suite no anexo, que até fogão e geladeira tinha.
Quem não chora, não mama. Mas isso foi em outra época. O Copa de hoje -totalmente desratizado- é o hotel mais charmoso do país e, no feriado, apesar de quase me levar à falência, fez valer cada níquel.
Passado o feriado volto, muito a contragosto, a ler as notícias. E em todos os cadernos de esporte do país dou de cara com detalhes gráficos sobre a fecundação da Assíria. E eu lá abro caderno de esporte para saber como funciona gravidez artificial? Onde estamos?
Descubro a seguir que o chefe da Polícia Civil de Goiás chama-se Hitler Mussolini de Oliveira. Cuma? Alô, seu Hitler Mussolini! O senhor por acaso conhece aquela do italiano que foi ao cartório trocar o nome? Não? Então vamos lá: no fim da 2ª Guerra, o italiano chega no cartório e diz: "Me chamo Benito Merda e, por razões óbvias, gostaria de mudar de nome". O escrivão o atende prontamente. "Pois não. Qual o novo sobrenome que o senhor deseja usar?" E o homem: "Não, não é o sobrenome que eu quero mudar. É o Benito".

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