São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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Aliados rejeitam defesa da reeleição já feita por FHC

Apenas o PSDB apóia o interesse do presidente da República

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso para que o Congresso discuta a proposta de reeleição já, a tempo de beneficiar os atuais prefeitos, não foi suficiente para quebrar as resistências entre os partidos aliados.
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), decidiu esperar por uma conversa pessoal com FHC, que ocorreria ontem à noite.
Só depois marcará a data para a instalação da comissão especial que analisará a emenda -fato que dará início formal ao debate.
"Ele quer dividir a responsabilidade com quem de direito, que é o presidente da República", disse o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), após conversar com o presidente da Câmara.
Luís Eduardo defende a reeleição de FHC em 1998, mas acha a manobra arriscada. Avalia que a emenda não tem chances de ser aprovada sem o apoio maciço do Palácio do Planalto e dos partidos que hoje se opõem à discussão imediata da tese.
Cautela
"Quero aprovar a reeleição e por isso sou cauteloso", foi a ressalva que fez durante o discurso a uma platéia lotada de prefeitos defensores da reeleição já.
Luís Eduardo arrancou aplausos quando disse ser favorável à reeleição também para os prefeitos e sugeriu que fizessem pressão sobre os líderes de partidos.
Entre os líderes que a fórmula de Luís Eduardo manda pressionar estão os que comandam os três maiores partidos do Congresso e também da base de apoio de FHC: PFL, PMDB e PPB.
A favor da reeleição já, só mesmo o PSDB -partido de FHC. Mesmo assim, com alguns senões. "Tecnicamente, é possível votar a emenda até o mês de junho, mas a questão é claramente política", disse o deputado José Aníbal (SP).
Na contabilidade do líder do PFL, o Congresso só teria 53 dias para aprovar a emenda da reeleição antes do início do prazo de registro de candidaturas às eleições municipais de outubro. Isso inviabilizaria a tese.
O pefelista tem outro argumento contra a pressa na discussão. Ele lança mão do artigo 16 da Constituição que proíbe mudança nas regras de uma eleição depois de 31 de dezembro do ano anterior.
"Não é o momento"
O deputado Odelmo Leão (MG), líder do PPB, fez coro. "Não é o momento oportuno", disse.
Em São Paulo, o prefeito Paulo Maluf (PPB) afirmou que "a reeleição é absolutamente democrática, mas já deveria ter sido votada no ano passado".
Disposto a lançar um candidato próprio à sucessão de FHC, o PMDB também rejeita a discussão da reeleição agora. "A matéria é polêmica, e o tempo não colabora", resumiu o líder do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
A articulação também não conta com o apoio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Segundo o presidente da entidade, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, se a questão vier à tona agora vai atrapalhar o processo, que ele já considera lento, das reformas estruturais.
"É inconveniente a discussão desse assunto agora, pois ele deveria ficar mais para frente", disse.

Colaborou a Reportagem Local

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