São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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'USP não pode pagar remédios', diz reitor

Professor quer auxílio para tratar HIV

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, 57, manteve ontem a posição de que a universidade não pode custear o remédio solicitado pelo professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) Jorge Beloqui, portador do vírus HIV.
A posição foi apresentada a uma comissão de professores que foi encaminhar o pedido. Também foram apresentados um abaixo-assinado de apoio a Beloqui, de 136 dos 160 docentes do IME, e um manifesto da congregação.
Beloqui, que está se tratando há quatro anos por causa do HIV, diz que o salário da universidade é baixo (ele recebe R$ 2.200 como professor doutor) e que a instituição deveria auxiliar os seus membros em casos como o dele.
O remédio que ele precisa (3TC) não consta da lista de medicamentos gratuitos do Ministério da Saúde para Aids e custa R$ 300 ao mês.
O reitor disse entender que a solicitação dos professores da matemática não é para que Beloqui tenha um tratamento privilegiado. "É necessário respeitar igualmente todas as pessoas que sofram doenças graves."
Segundo Fava, a USP mantém uma série de iniciativas na área -dois núcleos de pesquisa sobre Aids, a recém-inaugurada Casa da Aids, atendimento nos hospitais da universidade-, mas o custeamento de remédios para doenças crônicas não é possível.
"Pagamos tudo quando a pessoa é internada em um de nossos hospitais, mas não dá para fornecer medicamentos gratuitamente para quem não está internado. Uma quimioterapia contra o câncer chega a custar R$ 4.000", disse.
Ele afirmou também que está organizando uma reunião do Conselho Universitário com o ministro da Saúde, Adib Jatene, para discutir as iniciativas do governo na área e formas de a universidade complementar essa atuação.
A Associação de Docentes da USP também promoverá debate no próximo dia 23 para discutir a posição que a universidade deveria adotar.

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