São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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Cessar-fogo é desrespeitado na Libéria

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os combates na Libéria (oeste da África) continuaram ontem apesar da decretação de trégua e impediram a retirada da maioria dos cidadãos norte-americanos da cidade.
Os EUA anunciaram ter levado 168 estrangeiros de Monróvia (capital) para Freetown, no vizinho Serra Leoa, e Dacar, no Senegal. Entre eles, apenas 54 eram americanos.
Segundo o Pentágono, o centro militar dos Estados Unidos, os cerca de 420 americanos na cidade não conseguiam chegar à embaixada do país, de onde saíam os helicópteros, com medo dos combates. Os americanos têm prioridade na retirada de Monróvia.
Um dos helicópteros norte-americanos não pôde pousar por causa de disparos próximo à embaixada norte-americana.
Ataques
Segundo uma testemunha, ontem, em apenas um ataque nos alojamentos do antigo Exército em Monróvia, onde estão os guerrilheiros rebelados, três pessoas morreram. Teriam havido vários ataques com projéteis.
Testemunhas em Monróvia disseram que os 30 soldados nigerianos da força de paz multinacional africana mantidos como reféns pela guerrilha Ulimo-J foram libertados, mas 36 civis libaneses e outros cerca de 600 civis liberianos estavam ainda como reféns.
Segundo o acordo de cessar-fogo feito na noite de anteontem, que foi cumprido por algumas horas, os reféns teriam de ser libertados.
A guerrilha Ulimo-J, que havia antes concordado com o cessar-fogo, é formada por membros da etnia krahn e liderada por Roosevelt Johnson.
Início dos combates
Os combates começaram no sábado, depois que o Conselho de Estado que governa o país provisoriamente pediu a prisão de Johnson por assassinato. Johnson também foi expulso do conselho.
O guerrilheiro disse ontem, de seu esconderijo, que não pretende se entregar. "Nunca cometemos crime e não vemos por que devemos nos entregar", disse à rádio BBC. O acordo para o cessar-fogo determinava que ele se entregasse.
A guerra liberiana começou em 89, quando Charles Taylor invadiu o país vindo da Costa do Marfim.
Ontem, foram ouvidos vários disparos de morteiro e bazuca na cidade. Os disparos sempre coincidiam com a chegada e a saída dos helicópteros norte-americanos.
O embaixador dos EUA na Libéria, William Milam, confirmou que a trégua não era cumprida.
Os Estados Unidos mantinham 60 soldados na embaixada para garantir a segurança durante a retirada. Apesar de a saída ser voluntária, os EUA pretendem retirar todos os americanos do país.
Em um anexo da embaixada dos EUA, continuavam ontem cerca de 15 mil civis liberianos, com medo dos ataques guerrilheiros.

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